quinta-feira, junho 30, 2005

O blogue dos reitores


 Santiago Iñiguez  Paul Danos BizDeansTalk é um novo blogue, com responsabilidade partilhada por dois reitores de escolas de gestão: Santiago Iñiguez do Instituto de Empresa Business School (de Madrid) e Paul Danos da Tuck School of Business (Hanover, EUA).

O blogue adopta a mesma fórmula dialogal do Becker-Posner Blog, com os autores a dialogarem sobre o mesmo assunto. Um dos temas debatidos recentemente foi o das diferenças entre os modelos americano e europeu de ensino da gestão de empresas.

O Cyberlibris, através do qual cheguei a este novo blogue, também dá a sua opinião sobre o referido tema.

Feminismo


O Spontaneous Order interroga-se sobre os resultados do movimento feminista:
«A única coisa que mudou com o movimento feminista foram as regras a seguir. Ainda existe uma longa lista de "a fazer" e "a não fazer" - e o que mudou foi apenas o respectivo conteúdo. Antes, esperava-se que ficassem em casa e a tomar conta da família; e agora espera-se que tenham uma carreira e ultrapassem o homem no seu próprio campo. Elas lutam para ter uma carreira, competem sem descanso com os homens para "provar que são melhores". Estão sempre a querer provar algo - frequentemente desistindo daquilo que verdadeiramente desejam. Sentem-se cumpadas por causa do amor e relacionamentos. Não admitem as suas vulnerabilidades e continuam a empenhar-se em ser super-mulheres.»
O "Spontaneous Order" cita este artigo (de 1999) de Anne Morse: "A Look at the Surprising Answer", onde se relata a surpreendente decisão da cantora folk/rock Sarah McLachlan - fundadora do "Lilith Fair" - de encerrar o projecto em favor de ter filhos.


 Sarah McLachlan "Lilith Fair tour" - A celebration of women in music", teve a sua origem num incidente de 1966, quando a cantora Sarah McLachlan se revoltou contra os promotores de concertos e programadores de estações de rádio, por se recusarem a colocar em palco (ou no ar) duas cantoras de seguida. Recusando-se submeter a esta forma de descriminação, ela organizou uma tournê na companhia de Paula Cole, com grande sucesso. No ano seguinte McLachlan fundou o "Lilith Fair tour" - retirando a designação de uma lenda segundo a qual Lilith fora a primeira mulher de Adão - como forma de projectar uma imagem de beleza e igualdade. Ouça, desta cantora:


 Gloomy Sunday 

terça-feira, junho 28, 2005

Números redondos, contas erradas


Apesar de todo o racionalismo e do preciosismo das várias casas decimais (como aconteceu com o défice estimado por Vítor Constâncio) o pessoal continua, muito romanticamente, a preferir os números redondos e a encontrar "verdades" cabalísticas, reveladas através de números mágicos. Foi o que aconteceu quando se tomou conhecimento, através da proposta de orçamento rectificativo, de que o peso do Estado tinha, pela primeira vez, ultrapassado a "barreira" dos 50 % do PIB.

"Maldição!" - gritaram os feiticeiros e os aprendizes. Correia de Campos poderia ter aproveitado para filosofar: "ainda bem, é a parte oculta do icebergue que se torna visível", ou então: "é sinal de que há cada vez mais solidariedade social".

Contudo, vem agora o ministro das Finanças (que cada vez mais se afigura como um erro de casting) reconhecer que se enganou nas contas (ler notícia):
«no comunicado emitido ao final da tarde, o Ministério das Finanças explicava que na passagem das contas do critério da "contabilidade pública para a contabilidade nacional" houve a "dupla inscrição de verbas relativas a movimentos de capital entre o subsector Estado e os restantes subsectores".»
Pois, é tudo muito bonito, mas como é que fica o peso do Estado ? Passa ou não passa a barreira dos cinquenta ?
«Campos e Cunha admitiu que o montante final não está ainda apurado “mas será certamente acima dos 49 por cento [do PIB] e certamente abaixo dos 50 por cento”.»
Afinal, quem é que se enganou: o cavalo, ou quem anda a montá-lo ? Que tristeza: lá terão os comentadores que colocar a viola no saco. Os caracóis, envergonhados, recolherão os palitinhos à casca. Os almocreves tirarão, pesarosos, os cavalinhos da chuva. E eu, muito dylanescamente, pensarei por pautas de música:
But you who philosophize disgrace
And criticize all fears,
Take the rag away from your face
Now ain't the time for your tears.

sábado, junho 25, 2005

Ralhete

Wim Duisenberg deu um remoque a Vitor Constâncio, por causa de ter calculado o défice para o governo (por duas vezes).
Embora sem se referir directamente ao governador do Banco de Portugal, Duisenberg lembra que recebeu um pedido semelhante da rainha Beatriz da Holanda, mas que recusou.

O que está em causa é a apregoada independência dos Bancos Centrais relativamente às políticas económicas. Na realidade foi por causa disso que recorreram a Constâncio, mas o certo é que essa independência - ou a imagem dela - pode ficar afectada, tanto mais no caso português em que não se tratou de apurar um défice real, mas sim uma previsão na base de determinados pressupostos.

Constâncio é que não deve estar nada preocupado com essa independência, pois até já deu concelhos conselhos públicos ao governo sobre como arrecadar receitas.

sexta-feira, junho 24, 2005




 Tajabone 

Música do filme "Tudo sobre a minha mãe"
autor e intérprete: Ismael Lo

Os berrões de Sampaio


Segundo o Jornal de Notícias, foi descoberto na aldeia de Picote (Miranda do Douro) um berrão - ou berrasco - elemento megalítico que se supõe ser da Idade do Ferro e que representa um porco. Era usual colocar estas esculturas junto de povoados ou em zonas ricas em água e em pastos, pelo que os arqueológos as associam às actividades económicas, tratando-se de marcas destinadas a assinalar recursos essenciais. Teriam ainda valor simbólico como presenças protectoras do gado e dos castros.

Fica assim esclarecido o que anda o nosso Presidente da República a fazer pelo país, visitando empresas empreendedoras e ralhando com os sectores avessos ao risco: anda a espalhar berrões pelo território.

Acordo na General Motors Portugal


A comissão de trabalhadores da General Motors Portugal e a gerência da empresa assinaram um acordo social, para vigorar até 2007, que estabelece que a inflação é o limite máximo da actualização salarial. O que isto significa é que os trabalhores prescindem de aumentos salariais reais. Como diria Guterres: é a vida! Os trabalhadores aceitaram igualmente a flexibilidade do trabalho e uma diferente programação das férias. O acordo abrange ainda o aumento de benefícios, designadamente os subsídios de transporte, escolar e de assiduidade. Notícia no Público.

Noutro meridiano, a General Motors anuncia o despedimento de 25 mil trabalhadores nos EUA.

quarta-feira, junho 22, 2005

Sampaio põe a mão na anca e desanca na banca


Segundo o Jornal de Notícias, durante a visita "didática" que está a efectuar a empresas e instituições de sucesso, Jorge Sampaio criticou a banca por considerar que faz "muito pouco" pelo crescimento económico do país e que tem falta de vontade em apoiar empresas que apostam na inovação.
«Há oposição da banca no que respeita a arriscar alguma coisa para as empresas que querem inovar», disse na altura Jorge Sampaio, que chegou mesmo a classificar como "um embuste" os meios que o sector financeiro utiliza para apelar ao consumo privado.
Hoje, após visitar a empresa ARSOPI, em Vale de Cambra, e a Ferpinta, em Oliveira de Azeméis, Jorge Sampaio elogiou os "excelentes exemplos" que constituem pela aposta na exportação e defendeu que "as empresas, com incentivos e bancas facilitadoras, devem inovar" para afirmarem a vertente exportadora.

terça-feira, junho 21, 2005

Relativismo sociológico


«Todas as relações sociais e sistemas de relações sociais são relativos, no sentido em que são o resultado de processos relacionais historicamente situados levados a cabo por sujeitos dotados de capacidades de representação e interpretação simbólica»

in Correcção ao exame de Sociologia, no DN

Mais cortes


Segundo o Diário Económico (citado pelo jornal Público aqui), a Comissão Europeia vai exigir a Portugal maiores cortes nas despesas públicas, por entender que "as medidas de contenção da despesa pública são insuficientes para fazer baixar o défice público dos actuais 6,8 por cento do Produto Interno Bruto para níveis inferiores aos três por cento em 2008, conforme prevê o Programa de Estabilidade e Crescimento enviado a Bruxelas há algumas semanas. Segundo apurou Diário Económico, os comissários europeus irão analisar amanhã a situação orçamental portuguesa e a principal mensagem será a de que as previsões de crescimento são demasiado optimistas e que são necessárias mais iniciativas para reduzir a despesa do Estado."

Ainda bem que me avisas...


Segundo o Diário Económico, as caixas Multibanco andam a distribuir notas falsas.

Sobre o assunto, uma investigadora da Polícia Judiciária adiantou algumas opiniões curiosas:
«As notas de euro têm uma excessiva percentagem de algodão o que faz com que percam facilmente a cor, bastando para tal irem à máquina de lavar.»
(...)
As instituições de crédito têm sido alertadas para a existência destes casos mas a resposta é sempre a mesma: negam que seja possível tal situação.»
(...)
«O sistema de Multibanco, pela quantidade de dinheiro que movimenta, se calhar não tem a fiscalização necessária que devia ter.»
(...)
«Ninguém vai ressarcir o prejuízo de quem tem uma nota falsa. O banco vai dizer que as máquinas verificam tudo e que é impossível que a nota tenha origem nas suas instalações".»

segunda-feira, junho 20, 2005

Livros em destaque


Pierre Cahuc e André Zylberberg receberam o "Prémio Europeu do Livro de Economia" relativo a 2004, pelo seu livro "Le chômage, fatalité ou nécessité?". Estes autores escreveram o conhecido manual de "Labor Economics" editado pelo MIT.

Receberam ainda menções especiais os livros "La mondialisation et ses ennemis" de Daniel Cohen e "Dérives du capitalisme financier" de Michel Aglietta e Antoine Rebérioux. Michel Aglietta é um dos teóricos da "Escola da Regulação".

O prémio é patrocinado pela empresa "Electricité de France".

Invasão chinesa


Segundo o Scotland on Sunday, a terra natal de Karl Marx, Trier, está a atrair visitantes como nunca. Motivo: a invasão chinesa:
«É tão elevado o número de chineses que viajam para Trier que a língua chinesa já ultrapassou o Inglês e o Francês nos cursos locais. O pessoal das lojas e restaurantes está desesperado para aprender a língua dos novos ricos, que têm dinheiro para gastar.
(...)
Em média os visitantes chineses demoram-se dois minutos na catedral, três minutos na Porta Nigra - um edifício-pórtico construído pelos Romanos - e três minutos no museu local. Mas a casa de Marx merece visitas de 15 minutos e mais.»
Parece tratar-se apenas da ponta do icebergue: os operadores turísticos antecipam 80 milhões de turistas chineses em férias transcontinentais durante a próxima década.

"É estúpido imitar modelos"


Jean-Paul Fitoussi, economista que preside ao Observatório Francês de Conjuntura Económica, tem uma entrevista no jornal "Público" de hoje, onde considera que "é estúpido imitar modelos" de desenvolvimento económico. A crítica estende-se ao seu próprio país, que anda a emular o modelo nórdico. Fitoussi acusa também a Europa de não ter lutado seriamente conta o desemprego: "Há quase 25 anos que a Europa é a única região do mundo a viver um desemprego em massa e sem fazer nada. Foi só conversa. Agora pegamos no modelo alemão, depois no irlandês, no dinamarquês... [Mas] o modelo de sucesso de uma década é o fracasso da década seguinte".

Fitoussi acusa também a Agenda de Lisboa de ser "pura rectórica":
«Quando se dá um objectivo e, o mesmo tempo, se diz que não pode custar um cêntimo, quer dizer, na realidade, que a Europa não está à procura de se desenvolver.

Se queremos fins, precisamos dos meios. Hoje, no quadro europeu, a Europa não tem meios para conduzir a estratégia de Lisboa. Países, incluindo Portugal, estão limitados pelas regras do PEC. Há pelo menos seis Estados membros entre os doze da zona euro, que representam 90 % da zona euro, que não têm os meios para conduzir uma estratégia.»
Sobre a capacidade económica da Europa:
«Estamos em vias de fazer crer à população europeia que o seu futuro depende da China ou dos Estados Unidos, como se a Europa fosse um pequeno país. Ora, em matéria de PIB, é o maior país do planeta, pelo que deve saber contar com os seus próprios recursos para se desenvolver e crescer, deve ter uma política de crescimento.»

Apoio legal


O jornal "Público" de hoje, no suplemento "Computadores", inclui uma série de notícias sobre blogues, incluindo a referência a um guia de informação legal de apoio aos blogueiros, elaborado pela Electronic Frontier Foundation, e que pode ser consultado aqui: Legal Guide for Bloggers.

(NOTA: o link já foi corrigido)

sexta-feira, junho 17, 2005

Cegueira


Existem duas maneiras de encarar os fundos comunitários - ou melhor, as "subvenções comunitárias" para o nosso desenvolvimento -: uma é qualitativa, outra é quantitativa.

Em termos quantitativos discute-se qual o seu montante, o seu peso no PIB, a sua evolução ano a ano, etç. São contas fáceis de fazer, não revelam muito mas enchem o olho; poder-se-ia dizer que, deste ponto de vista, "é fácil, é barato e dá milhões".

Em termos qualitativos discute-se (ou dever-se-ia discutir) o resultado efectivo em termos do objectivo pretendido. Foram os fundos bem aplicados, não apenas em meros termos de legalidade administrativa e orçamental, mas sobretudo em função do objectivo prosseguido ?

Trata-se de uma análise de 'custo de oportunidade', mais difícil de fazer. Porque estes fundos, em última análise, não são puramente oferecidos: também aqui ocorre uma contabilidade de partidas duplas, ainda que os respectivos lançamentos não sejam reduzidos a escrito; cada euro que recebemos da União arrasta consigo um débito moral e ético: nós recebemos aquele dinheiro para desenvolver a nossa economia com uma rapidez tal que nos aproximemos da tal média europeia; outro débito criado é o compromisso de, em circunstâncias simétricas, contribuirmos para os membros da União ainda menos desenvolvidos que nós.

As comemorações dos 20 anos da nossa adesão à CEE/União Europeia deveriam ter aberto espaço para a avaliação da utilização das ajudas, mas não: o noticiarismo oficial e oficioso e o comentarismo marialva (não vi outro) limitou-se à leitura "política" (ou seja, aos rituais) da adesão; até mesmo protagonistas como Êrnani Lopes divertiram-se a contar factos anedóticos das negociações, e por aí fora. Mário Soares questionou-se a si próprio porque é que estaria tão sisudo na cerimónia dos Jerónimos. Sendo uma vitória sua, devia ter estado delirante, mas estava de trombas. Motivo: a política interna da altura (leia-se: Cavaco Silva).

Quanto ao resultado dos 20 anos de adesão, nenhuma reflexão. As doutas análises saltavam do anedotário da pré-adesão para o trauma e angústias das negas ao Tratado, ficando o miolo envolto numa neblina que ninguém ousa dissipar.

A actual discussão do quadro orçamental para 2007/2013 deveria ser igualmente motivo de reflexão sobre os efectivos resultados da aplicação dos fundos. Mas os portugas não querem saber disso: querem é saber quanto mais ouro vai continuar a vir do novo Brasil. E eis o que se lê nos jornais de hoje: Sócrates está prestes a obter uma vitória, se conseguir que a inevitável redução das ajudinhas seja inferior a 15 % (ontem já descera para 17 %).

Sendo assim, entende o país (os políticos, os jornalistas, os comentadores) que "já nos safámos". Eis pois o retrato da nossa hipocrisia, da nossa cobardia: continuem a mandar os carcanhóis, que quanto ao resto faremos tudo o que for preciso: marcamos referendos, aprovamos referendos, chumbamos referendos, adiamos referendos, não importa o quê. Sem o "ordenadito" europeu é que não podemos passar.

Foi referido como um dos erros de Álvaro Cunhal o seu prognóstico de que a adesão à CEE seria a ruína da nossa economia. Não estou tão certo desse "erro". Foi também dito que estava cego. Mas não é pior cego que aquele que não quer ver ?

terça-feira, junho 14, 2005


 Brightpink 

Um vinho português está a ser comercializado numa embalagem original: em garrafas de alumínio (ver imagem). Trata-se do  Brightpink , um vinho rosê feito a partir das castas Castelão e Trincadeira.

As vantagens em relação à garrafa de vidro parecem ser várias: desde logo a impossibilidade de se partirem. Em termos práticos, na nova embalagem o vinho pode ser gelado num quinto do tempo que seria necessário com o vidro e, além disso, pesam menos (apenas 66 %) e protegem da luz ultravioleta.

Poder-se-ão levantar dúvidas quanto à respiração do vinho (a garrafa é hermética) mas isso talvez não tenha muita importância para o rosê. Para já, e do ponto de vista do design, parece ser uma iniciativa interessante. O vinho encontra-se em fase de lançamento no Algarve e em Inglaterra.

Não se trata do primeiro vinho a ser vendido em embalagem de metal, pois isso já ocorrera com o californiano Sofia, das vinhas do Francis Coppola (ver embalagem; pack de 4 latas). Segundo esta brochura (pdf) sobre as embalagens de alumínio, as latinhas de 186 ml de "blanc de blanc" foram lançadas por Sofia Coppola em 2004, inicialmente tendo apenas como alvo uma clientela restrita, mas tem-se vendido bem na Europa.

Veja também a página oficial do Brightpink e a respectiva embalagem exterior (pack de 12 unidades; a timida referência a Portugal vem em letras pequeninas imediatamente acima da frase "Highly recyclabe Aluminium").

sábado, junho 11, 2005

Se és jovem e queres ser "kulto"...


O jornal Público está a dirigir-se às camadas jovens com o blogue Kulto. Se és jovem e queres ser "kulto", surfa já para lá.

O blogue é um projecto associado à revista com o mesmo nome, lançada por aquele jornal no passado dia 29 de Maio - leia notícia no Diário Económico.

"Rock-star economics"


O blogue Enviropundit chama a atenção para um artigo de Franklin Cudjoe, acerca das ilusões criadas pelo programa de ajuda aos países pobres de África pelo movimento de estrelas do Rock, capitaneadas por Bob Geldof e Bono (Live Aid I de 1985 e Live 8 de 2005). Segundo Cudjoe, os "pobres africanos estariam bem melhor sem a rock-star economics".
«As suas teorias económicas estão simplesmente erradas. Eles ignoram a história, papagueando a crença ilusória de que a pobreza, fome e corrupção podem ser erradicadas com ajuda externa, perdão de dívidas e outra políticas que já falharam em África. Um dos pilares da sua actual campanha é o de eliminar os subsídios agrícolas dos países do Ocidente, um nobre objectivo que ajudaria a criar um ambiente de concorrência leal para os produtores de todo o mundo. No entanto esta postura está eivada de hipocrisia: ao mesmo tempo eles defendem os subsídios (que designam como "comércio justo") para os agricultores e outras actividades dos países pobres, para os proteger dos efeitos da concorrência. O líder da banda Coldplay, Chris Martin, tem defendido que o arroz, o tomate e a carne de frango do Gana sejam protegidos das importações baratas.
(...)
Porém, o problema real não reside no FMI, no Banco Mundial ou nas regras comerciais injustas. Teremos de ser nós próprios, africanos, e os nossos líderes, a promover o nosso próprio bem-estar, encorajando o crescimento económico através de reformas institucionais e políticas. A solução para tudo aquilo que nos aflige não está na ajuda, perdão da dívida ou "comércio justo". Está na adopção de instituições que ajudem a libertar o espírito empreendedor que existe em todos países Africanos, para desenvolver o comércio entre si e com o resto do mundo.» [O artigo completo encontra-se na edição on-line do Accra Daily Mail.]
Bono, entretanto, já reuniu com Durão Barroso, para obter apoio a União Europeia para para o "Live 8" - concertos rock que terão lugar simultaneamente, no próximo dia 2 de Julho, em Londres, Paris, Berlim, Roma e Filadélfia. A ideia é influenciar o G8 na cimeira de 6 a 8 de Julho, na Escócia. Bono promete que «se os líderes do G8 estiverem de acordo, tornar-nos-emos na geração que fez desaparecer a pobreza» («If these 8 men agree, then we will become the generation that made poverty history»). Ao mesmo tempo está já a ser preparada a usual contestação de rua destas cimeiras. Esperemos que não venha a ocorrer nenhum "Sunday, Bloody Sunday".

A realização do "Live 8" está também a levantar alguma polémica no seio dos roqueiros, como se pode ver por esta notícia do Correio da Manhã, referindo críticas do músico britânico Damon Albarn, líder dos Blur e dos Gorillaz, que se recusa a participar no megaconcerto por considerar a iniciativa demasiado “artificial” e “branca” (ou seja, com fraca representação demúsicos negros).

O jornal público de hoje noticia que "os países do G8 chegaram hoje a acordo sobre a anulação do total da dívida dos países pobres mais endividados do Mundo, o que vai conduzir "imediatamente" ao cancelamento de 40 mil milhões de dólares de dívida de 18 países,; numa segunda fase, outros nove países vão ser associados a esta iniciativa, através da anulação da dívida de 11 mil milhões de dólares, e um terceiro grupo de 11 países, com uma dívida total de quatro mil milhões de dólares, poderá ser igualmente englobado". (notícia aqui).

sexta-feira, junho 10, 2005

People are strange



quinta-feira, junho 09, 2005

And here's to you Mrs. Robinson


Anne Bancroft (1931-2005)


terça-feira, junho 07, 2005

PEC 2005-2009


 Programa (socrático) de Estabilidade e Crescimento" para o período 2005-2009: consulte-o aqui.

Mais uma angústia



O Diário Económico cita declarações de Emílio Sáenz, director-geral da Autoeuropa, no sentido de que só a partir de 2007 é que a fábrica poderá entrar num período “expancionista” "expansionista", e isto no caso de garantir a adjudicação de um novo modelo que substitua os actuais VW Sharan-Seat Alhanbra, cuja produção termina em 2007. Para este novo modelo a fábrica portuguesa concorre com as sua congéneres internacionais, prevendo-se que a decisão seja tomada até ao final do próximo ano. Mais uma angústia para a economia portuguesa.

Mudar a Máquina


Mudar a Máquina - um livro sobre "A Administração Pública na Sociedade da Informação". Colectânea de boas práticas e de estratégias de desenvolvimento e e-Government. Disponível on-line aqui ou aqui (ficheiro pdf - 2,6 Mb). É de 2003 mas continua a valer a leitura.

Veja também um filme sobre este livro aqui (ficheiro Flash Player, 6,55 Mb).

"Perpetuar as quintas"


O jornal "Público" de hoje (disponível on-line apenas para assinantes) dá conta de um estudo coordenado pelo investigador José Tribolet, do INESC, sobre a "Estrutura Organizacional do Estado e das Administrações Públicas", encomendado pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação. O estudo apresenta oito grandes conclusões:
  1. É preciso saber quem faz o quê, com o quê, produzindo o que, porquê, quando e onde, para que a administração pública (AP) se possa conceber, estruturar e actuar segundo as "melhores práticas organizacionais".
  2. São necessárias "instâncias técnicas especializadas" que assegurem em toda a AP a regulação das "entidades informacionais" e das "componentes funcionais".
  3. Deve existir, ao mais alto nível da AP, um corporate board, composto por elementos internos e externos da AP, que deve actuar como "staff técnico" e exercer a função de governação da arquitectura organizacional da AP, focando-se no "alinhamento dinâmico" entre os processos que, atravessando os vários sectores da AP, concretizam os produtos e serviços à sociedade e os sistemas de informação que suportam esses processos.
  4. Explicitar de forma sistemática a missão de cada organismo, de alto a baixo, em toda a AP e promover a análise objectiva das racionalizações necessárias, de forma a eliminar ou diminuir áreas de dupla decisão ou de ausência de decisão.
  5. Responsabilização dos dirigentes pela qualidade, fiabilidade e segurança da informação gerada e administrada sob a sua tutela. "Estes princípios aplicam-se em primeiro lugar aos membros do Governo".
  6. A conformidade da AP com a arquitectura organizacional deve ser objecto de uma auditoria independente do poder executivo e entregue à Assembleia da República.
  7. "Tolerância zero à ingnorância dos responsáveis políticos e dirigentes da AP" relativamente aos sistemas de informação.
  8. Fomento das "comunidades de prática de engenharia organizacional na AP".
Em declarações ao Público José Tribolet declarou a sua convicção de que a auditoria aos serviços de dois ministérios, a cada três meses, anunciada recentemente pelo governo, não vai resolver os problemas de sobreposição de funções da AP, nem dar respostas sobre a sua organização, mas apenas "perpetuar as quintas" que já existem.

domingo, junho 05, 2005

Efeitos perversos


É também da revista Economist este artigo colocando a hipótese de a elevada inteligência dos judeus ashkenasi ter origem no seu passado de gente perseguida.

É verdade, como também diz a revista, que esta hipótese de alguns grupos étnicos serem superiores em determinadas coisas, apesar da evidência, constituir um tabu. Parece que quem sugerir tais coisas se arrisca a ser colocado ao mesmo nível dos criminosos nazis, por causa da teorias destes últimos sobre a "raça superior". Mas o certo é que há determinados grupos étnicos com capacidade superior coisas como distinguir sons (capacidade para distinguir quartos de tom, por exemplo), e há aqueles marroquinos que apresentam superioridade nas corridas longas, etç. Por isso não será de estranhar que, em média, alguns grupos também se diferenciem em certas capacidades mentais, tais como a inteligência.

Estes judeus ashkenasi, em média, classificam-se 12 a 15 pontos acima nos testes de inteligência, e existe um peso muito grande deste grupo na elite dos grandes pensadores (a revista cita Einstein, Mahler e Freud, mas muita gente colocaria este último entre os menos inteligentes...) Por outro lado sofrem mais de certas doenças, como o Tay-Sachs e cancro no peito.

Num estudo de Gregory Cochran, Jason Hardy e Henry Harpending a publicar em breve no Journal of Biosocial Science, propõe-se que a tendência patológica e a superioridade em inteligência se encontram relacionadas, devido às pressões sociais a que estiveram sujeitos. Segundo a Economist:
«A história dos ashkenazi começa com a rebelião dos judeus contra Roma no primeiro século da era cristã. Depois da derrota, os Judeus fugiram em todas as direcções. os descendentes dos que fugiram para a Europa ficaram conhecidos como ashkenazi.

Na Idade Média os judeus europeus encontravam-se sujeitos a discriminação legal, que os empurrava para profissões relacionadascoma manipulação de dinheiro tais como a de banqueiros e colecta de impostos, as quais eram desprezadas ou mesmo interditas aos cristãos. Este facto, aliado ao baixo nível de casamentos fora do grupo (aspecto confirmado pela moderna genética), é o ponto de partida do estudo referido.

Argumenta-se que as profissões ocupadas pelos Judeus europeus eram todas elas de uma natureza que incentivava a inteligência. Claro que é difícil provar que este incentivo existia na Idade Média, mas existe nas actuais versões dessas ocupações. Vários estudos mostraram que a inteligência, tal como é medida nos testes IQ, está muito relacionada com o rendimento em profisões como a de banqueiro.

Pode provar-se, a partir de registos históricos, que os Judeus europeus em profissões de topo na Idade Média tinham mais filhos atingindo o estádio de adultos do que os de profissões inferiores. Isto acontecia igualmente com os não-Judeus. Mas, na Idade Média, o sucesso nas sociedades cristãs tendia a ser violentamente aristocrático (guerras e terras) e não pacífico e meritocrático (banca e comércio).»
Também é conhecido que os casamentos dentro de grupos fechados tendem a reduzir a variabilidade genética e a potenciar a prevalência de certas doenças.

O artigo da Economist não orefere, mas as profissões de médico e de professor (nas universidades medievais) também tinham um grande peso de judeus.

A confirmar-se esta tese, não pode deixar de se reconhecer a ironia histórica, quando comparada com os objectivos da genética nazi, que pretendia apurar a raça ariana através da procriação por casais modelo (dessas experiências resultou, por exemplo, uma das meninas dos ABBA) e expurgando os judeus da base genética europeia. Nesse caso, e a terem tido sucesso, os nazis teriam feito descer o nível médio de inteligência da sua população.

"Morto mas ainda não enterrado"




Linda metáfora do Economist a propósito do Tratado para a constituição europeia.