sábado, junho 11, 2005

"Rock-star economics"


O blogue Enviropundit chama a atenção para um artigo de Franklin Cudjoe, acerca das ilusões criadas pelo programa de ajuda aos países pobres de África pelo movimento de estrelas do Rock, capitaneadas por Bob Geldof e Bono (Live Aid I de 1985 e Live 8 de 2005). Segundo Cudjoe, os "pobres africanos estariam bem melhor sem a rock-star economics".
«As suas teorias económicas estão simplesmente erradas. Eles ignoram a história, papagueando a crença ilusória de que a pobreza, fome e corrupção podem ser erradicadas com ajuda externa, perdão de dívidas e outra políticas que já falharam em África. Um dos pilares da sua actual campanha é o de eliminar os subsídios agrícolas dos países do Ocidente, um nobre objectivo que ajudaria a criar um ambiente de concorrência leal para os produtores de todo o mundo. No entanto esta postura está eivada de hipocrisia: ao mesmo tempo eles defendem os subsídios (que designam como "comércio justo") para os agricultores e outras actividades dos países pobres, para os proteger dos efeitos da concorrência. O líder da banda Coldplay, Chris Martin, tem defendido que o arroz, o tomate e a carne de frango do Gana sejam protegidos das importações baratas.
(...)
Porém, o problema real não reside no FMI, no Banco Mundial ou nas regras comerciais injustas. Teremos de ser nós próprios, africanos, e os nossos líderes, a promover o nosso próprio bem-estar, encorajando o crescimento económico através de reformas institucionais e políticas. A solução para tudo aquilo que nos aflige não está na ajuda, perdão da dívida ou "comércio justo". Está na adopção de instituições que ajudem a libertar o espírito empreendedor que existe em todos países Africanos, para desenvolver o comércio entre si e com o resto do mundo.» [O artigo completo encontra-se na edição on-line do Accra Daily Mail.]
Bono, entretanto, já reuniu com Durão Barroso, para obter apoio a União Europeia para para o "Live 8" - concertos rock que terão lugar simultaneamente, no próximo dia 2 de Julho, em Londres, Paris, Berlim, Roma e Filadélfia. A ideia é influenciar o G8 na cimeira de 6 a 8 de Julho, na Escócia. Bono promete que «se os líderes do G8 estiverem de acordo, tornar-nos-emos na geração que fez desaparecer a pobreza» («If these 8 men agree, then we will become the generation that made poverty history»). Ao mesmo tempo está já a ser preparada a usual contestação de rua destas cimeiras. Esperemos que não venha a ocorrer nenhum "Sunday, Bloody Sunday".

A realização do "Live 8" está também a levantar alguma polémica no seio dos roqueiros, como se pode ver por esta notícia do Correio da Manhã, referindo críticas do músico britânico Damon Albarn, líder dos Blur e dos Gorillaz, que se recusa a participar no megaconcerto por considerar a iniciativa demasiado “artificial” e “branca” (ou seja, com fraca representação demúsicos negros).

O jornal público de hoje noticia que "os países do G8 chegaram hoje a acordo sobre a anulação do total da dívida dos países pobres mais endividados do Mundo, o que vai conduzir "imediatamente" ao cancelamento de 40 mil milhões de dólares de dívida de 18 países,; numa segunda fase, outros nove países vão ser associados a esta iniciativa, através da anulação da dívida de 11 mil milhões de dólares, e um terceiro grupo de 11 países, com uma dívida total de quatro mil milhões de dólares, poderá ser igualmente englobado". (notícia aqui).

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