Mark Blaug
MB - No sentido de que a Economia, enquanto disciplina completamente formalística, desencoraja estudantes de a prosseguir. Não sei da América, mas na Europa a Economia infelizmente atrai cada vez menos estudantes, enquanto que os estudos dos negócios e gestão de negócios atraem cada vez mais. Não é só o facto da Economia se ter tornado técnica; acontece é que a Economia preza o tecnicismo acima de tudo o resto e é a isso que chamo formalismo. Formalismo é a tendência para endeusar a forma, mais do que o conteúdo do argumento. Foi nisso que ela se transformou. Apenas nos preocupamos acerca da forma em que uma teoria ou hipótese económica é apresentada, e quase não nos importamos nada acerca do conteúdo da hipótese.
P - Quais são os principais temas em que não fizemos progressos?
MB - Os mercados e o modo como eles efectivamente funcionam; ou seja, como é que se ajustam para articular procura e oferta. Nós na Economia sabemos imenso sobre equilíbrio, mas na realidade não sabemos como é que os mercados chegam a esse equilíbrio.
P - Na sua opinião, o que é que pode salvar a Economia?
MB - Sou muito pessimista sobre a possibilidade de ainda se fazer alguma coisa. Julgo que criámos uma locomotiva. Isto é a Sociologia da profissão económica. Criámos um monstro que é muito difícil de fazer parar.
P - Poderão os factos do mundo real, ou um severo cataclismo económico, provocar mudanças?
MB - Certamente que mudariam, mas não vejo isso ao virar da esquina. Mas talvez eu seja muito pessimista, e seja muito depressivo estar por ali. Não me parece que haja qualquer saída.
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