segunda-feira, julho 25, 2005

Banhos quentes ou água fria ?


A tricandidatura de Mário Soares à Presidência da República anda a deixar o pessoal marado: já não falam de política, apenas da idade do homem.

Nem mesmo o inteligentíssimo Professor Marcelo encontrou melhor argumento (contra) do que dizer que há 25 anos o Soares trocava "milhares" por "milhões". Então, mas ele não foi já Presidente depois disso - elogiadíssimo pelo Professor-nadador?

O Professor Marcelo já na semana anterior tinha "avisado" que Mário Soares, se fosse eleito, traria problemas ao governo. Pareceu-me mais uma tosca tentativa de "desmotivar" Sócrates que, já se sabia, andava a ponderar a hipótese.

Eu não simpatizo lá muito com o velhote Soares, mas toda esta nervoseira dos formadores de opinião estão a tornar-me o homem mais simpático.

Lembram-se do xeque-mate que Soares deu a Cavaco quando fez a presidência aberta na Área Metropolitana de Lisboa? - a mostrar as barracas, os desempregados, etç. Quebrou a imagem de "país moderno" que se tinha instalado, desmascarou o pretenso "bom aluno" da União Europeia, na aplicação dos Fundos, etç.

Pode-se imaginar que Mário Soares fez isso para favorecer a esquerda, mas também se pode ver como prestou um favor ao país, mostrando que o rei ia nu.

O certo é que, depois disso, Guterres voltou a embalar a malta na cantiga do "país com capacidade organizativa, reconhecida lá fora", etç.

O Professor Marcelo diz que o país precisa de um Economista na Presidência (ao nível que nós chegámos...). Mas pensemos bem: Cavaco, como mais tarde Guterres, iludiu-nos - ou ajudou a que nos iludíssemos - quanto ao real estado do país. Mário Soares desmascarou-o e acordou-nos com água fria. De qual dos dois é que estamos a precisar agora? Banhos quentes ou água fria?



E por falar em modelo económico: alguém sabe qual é o modelo económico do professor Cavaco Silva? Relembrando o que escrevi sobre o seu trabalho teórico (ver aqui), o que se detecta é que se trata de um puro keynesiano, que para dar um ar liberal à obra pediu a João César das Neves para lhe escrever um capítulo liberal-coisa-e-tal. Não me parece que fosse vantajoso ter na Presidência um economista a orientar os ministérios das Finanças ou da Economia - e também não sei se é a isso que ele aspira - mas é um argumento que vai ter curso nos próximos tempos.

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