«José Tavares demitiu-se, ontem, da Unidade de Coordenação do Plano Tecnológico e será substituído por Miguel Lebre de Freitas, até agora director do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e da Inovação. A saída do coordenador do Plano Tecnológico, apresentado como peça-chave da política económica do Governo, não foi explicada mas era conhecida a existência de indefinições e de dificuldades de coordenação entre os vários ministérios envolvidos. [...] O esforço do Governo em evitar a descredibilização do Plano Tecnológico era, ontem, evidente. No final do Conselho de Ministros, quando confrontado com as primeiras notícias sobre a demissão de José Tavares, o ministro da Presidência procurou desde logo desvalorizar os sucessivos adiamentos na sua apresentação. Pedro Silva Pereira negou ainda existência de "qualquer conflito de competências", assegurando que este "continuará sediado no Ministério da Economia e Inovação".» - "Jonal de Notícias". Tudo indica que a demissão de José Tavares é apenas a ponta o icebergue de problemas mais profundos: a resistência por parte da estrutura administrativa e de poder ao desenvolvimento de uma estratégia inovadora. Ao longo dos meses em que, depois de aprovado pelo Governo, o Plano Tecnológico se tem mantido paralisado, têm sido constantes as notícias de conflito relativas ao respectivo controlo, nomeadamente entre os ministros Mariano Gago e Gomes Pinho. O Plano envolve políticas e programas transversais que interceptam a estrutura ministerial e, como é sabido, isso é equivalente a mexer num vespeiro. Por outro lado, tendo a região de Lisboa perdido o direito aos fundos comunitários, o Plano Tecnológico apresenta-se como um eldorado (ou uma tábua de salvação, conforme a óptica) para muitas empresas da região, razão pela qual os usuais conflitos sobre a gestão dos programas comunitários se podem ter deslocado para esta frente de batalha. O facto de Miguel Lebre de Freitas ser um especialista da área financeira com grande sensibilidade para o cumprimento das metas de convergência nominal (veja-se o seu artigo "Défice de disciplina ou a disciplina do défice?") pode também ter contribuido para a sua escolha. Será Miguel Lebre de Freitas um adepto do "Choque, sim, mas devagar"?
Aguarda-se que o blogue Plano Tecnológico comente a notícia. url deste post: http://puraeconomia.blogspot.com/2005/11/este-o-nosso-fado.html |