segunda-feira, outubro 31, 2005

Sexo na cidade

tínhamos aqui referido o mistério da "existência" de mais mulheres do que homens, o qual na imaginação masculina assume proporções que vão desde "2 para 1" até "7 para 1" [1].

Parte do mistério pode ter sido desvendado por Lena Edlund, que publicou no Scandinavian Journal of Economics o artigo "Sex and the City"


Lena Edlund, continua que vais no bom caminho.

«Nas áreas urbanas do mundo industrializado, as mulheres jovens são mais numerosas do que os homens jovens. Este paper propõe que esse padrão possa estar ligado a rendimentos mais elevados para os homens, nas áreas urbanas. O argumento é que as áreas urbanas oferecem melhores mercados de trabalho aos trabalhadores qualificados. Assumindo que existam mais homens qualificados do que mulheres qualificadas, isto traduzir-se-ia num excedente de homens. Contudo, a presença de homens com elevados rendimentos pode atrair, não apenas mulheres qualificadas, mas também mulheres não qualificadas. Assim, o excedente de mulheres em áreas urbanas pode resultar de uma combinação de melhores mercados de trabalho e casamento. Os dados dos municípios suecos suportam estes resultados»
Imaginem só se fosse um homem a escrever isto... Não há dúvida de que "os mercados não dormem".

Por outro lado, o estudo de David G. Blanchflower e Andrew J. Oswald "Money, Sex and Happiness: An Empirical Study" aborda as ligações entre o rendimento, o comportamento sexual e a felicidade admitida, numa amostra de 16 mil americanos adultos.
«O estudo mostra que a actividade sexual participa fortemente - e positivamente - nas equações da felicidade. Rendimentos mais elevados não permitem "comprar" mais sexo ou mais parceiros sexuais. As pessoas casadas praticam mais sexo do que as solteiras, divorciadas, viúvas ou separadas. O número de parceiros sexuais que maximiza a felicidade é 1. As mulheres com elevados níveis de educação tendem a ter menos parceiros sexuais. A homossexualidade não tem um efeito estatístico significativo na felicidade.»

Cristiana Oliveira, 40 anos, actriz, do Rio de Janeiro, e que já foi casada três vezes, acredita que "há duas mulheres para cada homem". Por isso parece-lhe lógico que "eles não queiram ficar com apenas uma". [link]

A realidade é que no Brasil, em 2000, havia 97 homens por cada 100 mulheres, prevendo-se que em 2050 sejam 95 homens por cada 100 mulheres - muito longe das previsões de Cristiana. [link]

[1]-Sem esquecer aquele filme de Stanley Kulbrick em que o Dr. Strangelove, como estratégia de sobrevivência a um holocausto nuclear, propõe povoar grutas com seres humanos pré-seleccionados, na proporção de 10 mulheres para cada homem".