sábado, julho 30, 2005

TGV e OTA: não. Mas...


No momento em que se comemoram os 200 anos do nascimento de Alexis de Tocqueville, é curioso formar-se um movimento contra a realização de grandes projectos de investimento público. Grandes projectos significam impostos elevados, e se tal tipo de despesas tivesse de ser referendado democraticamente, muita coisa ousada e útil não teria sido feita. Cito as palavras de João Carlos Espada no Expresso de hoje: «Tocqueville detectara a ameaça de um "novo despotismo" na era democrática, resultante da tendência dos povos democráticos para não conceberem nada fora ou acima da 'vontade geral'».

Preocupa-me que toda a argumentação do governo e de outros defensores do TGV e do aeroporto na Ota seja feita exclusivamente na base de argumentos "fracos": 'temos de fazer porque os espanhóis já avançaram e não podemos ficar de fora', 'temos de fazer para não perdermos fundos comunitários', etç. A realização dessas obras com variantes mais económicas (como uma mistura de TGV com alta velocidade, ou a utilização das pistas de Alverca e Montijo, são hipóteses que nunca foram seriamente refutadas.

Mas também não me provaram que se tratam de "crimes", como já vi escrito. É verdade que o ónus da prova - da bondade dos investimentos - deve caber ao governo, que é quem tem o poder discricionário de decidir sobre a sua realização. Mas não se podem travar investimentos públicos na base da posição radical - tão na moda agora, especialmente na blogosfera - de que tudo o que o governo faz é mal feito. É uma posição ideológica, também ela não fundamentada.

Tudo avaliado, creio que se justifica um compasso de espera e uma discussão aprofundada sobre estes investimentos. Por isso opto por dizer não à sua realização, para já e nos termos em que o governo os pretende levar a cabo. Apoio o debate em torno do tema. Sendo embora leigo na matéria, o assunto interessa-me e preocupa-me, pelo que tenho incluído aqui referências a pontos de vista diversos sobre o mesmo, e continuarei a fazê-lo.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Comércio do Porto ainda vive.
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