sexta-feira, maio 13, 2005

E não se pode castigá-los ?


O jornal Público de hoje apresenta um dóssiê relativo às decisões de investimento do governo de Santana/Portas - quer o investimento directo quer a viabilização de projectos de particulares através de autorizações excepcionais. Chocou-me particularmente a informação com o título "Paulo Portas alterou traçado [de auto-estrada, em Estarreja] para cumprir promessa de campanha".

Bem, as promessas são para se cumprir, já se sabe. Mas, neste caso, a obra já em curso foi parada e, segundo o jornal, "o traçado alternativo proposto, além do elevado custo financeiro, levanta também problemas dificilmente ultrapassáveis do ponto de vista ambiental. A obra, a concretizar-se,implica a construção de um troço de quase 15 km em viaduto, ou seja, quase uma nova Ponte Vasco da Gama. Por outro lado, atravessaria uma área classificada como zona de protecção ecológica, o que colocaria em risco o financiamento do Banco Europeu de Investimentos".

É evidente que, tratando-se de uma notícia de jornal, temos de a tratar com as devidas cautelas. Sempre que um governo cai ocorre esta onda de denúncias de "lixo atirado para debaixo do tapete" - e a história é sempre contada do ponto de vista do vencedor (neste caso, do vencedor das eleições) - embora o Público não seja propriamente um jornal sensacionalista.

Mas o que aconteceu no caso desta auto-estrada é verosímil e, tanto quanto sei, também poderia ter acontecido com o PS ou um qualquer outro partido. O que me ocorre perguntar é como é que será possível evitar este tipo de coisas ? É claro que, durante uma campanha, não se podem censurar as promessas dos candidatos; mas deveria haver um qualquer mecanismo de censura, ou mesmo de punição, de decisões políticas de alteração de projectos e investimentos, sem fundamentação técnica e que, no mínimo, atrasam os investimentos e acabam por ter consequências financeiras desastrosas.

Supostamente, as más decisões políticas são "castigadas" nas urnas. Mas, em casos como o noticiado pelo Público - e porque se trata de danos que podem ser quantificados - creio que deveria haver um processo sancionatório adicional e automático.

1 comentário:

Bmonteiro disse...

Absolutamente, levar este senhor a um tribunal. Sugeito a uma não pena, mas apontado à sociedade/opinião pública comno elemento alatmente nocivo ao país.
Este e outros.