quarta-feira, março 30, 2005

Storytelling



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Storytelling, a arte de contar histórias, relaciona-se de dois modos com a Economia.

Designa-se por storytelling a "capacidade" para explicar um qualquer facto de natureza económica, após a sua ocorrência, recorrendo a relações lógicas, de acordo com uma teoria previamente aceite, embora sem qualquer prova da verificação das relações subentendidas. É o que acontece com aquelas meninas expeditas e aqueles ilumidados mancebos que diariamente nos "explicam" porque é que as bolsas "abriram em queda", ou "em linha", ou "acompanhando a subida" de outra coisa qualquer, ou a iminente revelação de um relatório, etç. Nesta asserção storytelling bem podia ser traduzido como "histórias da Carochina".

Mas existe outro destino, eventualmente mais nobre, para o storytelling em Economia: facilitando (humanizando ?) a transmissão de conhecimentos em contexto de gestão. É reconhecido que a nossa maquinaria genética se encontra programada para um estilo de vida ancestral, muito diferente da moderna vida urbana e, sobretudo, muito diferente do paradigma racional: "eu explico-te uma teoria, lógica e coerente, e logo tu acreditas e vais a correr aplicá-la". Afinal parece que não funciona bem assim.

É então que entra em cena o storytelling, à boa maneira da transmissão de conhecimentos anterior à escrita: os enredos, as metáforas, as analogias, as alusões, as ironias, enfim, essas maravilhosas estruturas mágicas tão contrárias ao racionalismo mas tão caras ao coração e às emoções, e que tanta importãncia têm na nossa aprendizagem desde miúdos.

Sobre o uso de histórias num contexto de transmissão de conhecimentos em ambiente organizacional, Betsy A. Arnette escreveu a dissertação: Story as an Approach for Facilitating a Knowledge management Innovation.

1 comentário:

Joao Augusto Aldeia disse...

Agradeço o seu comentário, incluindo o post scriptum (eu estava convencido de que nenhuma músicas incluídas arrancava automaticamente, coisa que não aprecio).

Concordo com as suas observações. Quanto à manipulação dos dados justifica-se aquele aforismo atribuído a Ronald Coase: "se forem torturados durante tempo suficiente, os dados acabarão por confessar"...