quinta-feira, dezembro 02, 2004

Orçamento: jogo de espelhos


A patética guerrilha entre governo e Presidente da Republica sobre a aprovação do Orçamento parece um amuo de crianças, mas de facto revela uma faceta sinistra da nossa política: a campanha eleitoral já começou e todos os actores, incluindo Jorge Sampaio, se empurram para ver quem fica melhor no photo-finish.

Não faz qualquer sentido aprovar o orçamento de um governo demitido: a seguir actualizam-se os vencimentos da função publica e das pensões, mas não avançam as medidas de acréscimo de receita, tais como as portagens.

Presidente e governo, cada um tenta colocar o ónus da não aprovação no outro, ou mérito da aprovação em si próprio. Sampaio não quer ser acusado de não haver orçamento, e o governo quer ficar com o mérito de ser autor de um orçamento que o próprio Presidente reclama.

De facto ainda não foi assinado nenhum decreto de dissolução da Assembleia ou de demissão do governo, mas a pouca autoridade que este tinha já desapareceu por completo. Além disso, já começou a campanha eleitoral. Como é que se pode autorizar a um governo em campanha eleitoral que aprove um Orçamento de Estado?

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