quinta-feira, dezembro 09, 2004

Com a verdade me enganas (II)
ou
a manha de Santana


Confirmando o que escrevemos há dias, a chefe de gabinete do primeiro-ministro, Ana Costa Almeida, veio dizer que "Santana Lopes nunca disse que desconhecia os fundamentos da dissolução do Parlamento" porque "o que [o primeiro-ministro] disse é que a opinião pública não conhecia" esses fundamentos.

Ou seja: o manhoso primeiro-ministro, recorrendo a frases bombásticas e meias-verdades, insinua que não conhece as razões da dissolução, embora, taxativamente, nunca o tenha afirmado. Mas essa é a ideia que fica, e com direito a prime-time informativo.

Agora vem a insignificante chefe de gabinete corrigir o tiro - mas esta correção nunca terá a repercussão informativa do que foi dito pelo "primeiro". Neste aspecto, "o crime compensa".

É um truque usado pelos demagagos e populistas. Aconteceu algo parecido nas eleições americanas: um grupo de apoiantes de Bush fez uma campanha caluniosa do curriculo militar de Kerry. Alguns dias depois o chefe Bush veio dizer o contrário, mas o efeito final da calúnia é sempre maior que o do desmentido.

O filme do pretenso desmentido da Santana pode ser lido no Público.

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