terça-feira, junho 05, 2007

Keynes vs Harrod

J.M.Keynes
J. M. Keynes
Roy Harrod
Roy Harrod

«Parece-me a mim que a Economia é um ramo da Lógica, um modo de pensar; e que você não repele com suficiente firmeza as tentativas à la Schultz de a transformar numa pseudo-ciência-natural. Podem-se fazer progressos significativos meramente pelo uso dos seus axiomas e máximas. Mas não se pode chegar muito longe a não ser que se divisem modelos novos e melhorados. Isto requer, como você salienta, "uma observação atenta do actual funcionamento do nosso sistema". O progresso em Economia consiste quase exclusivamente num movimento progressivo de escolha de modelos. O grave defeito da escola clássica tardia, exemplificada por Pigou, foi o de insistir no uso de um modelo demasiadamente simples ou fora de prazo, e em ignorar que o progresso reside na melhoria do modelo; Marshall, por outro lado, baralhava frequentemente os seus modelos — na concepção dos quais manifestava grande génio — por querer que fossem realistas e tendo escusada vergonha de linhas simples e abstractas.»

Carta de Keynes a Roy Harrod, comentando
o artigo "Scope and Method of Economics"


Nota: o teórico depreciativamente citado por Keynes é Henry Schultz (1893-1938), pioneiro na introdução de métodos quantitativos no desenvolvimento da teoria Económica. Na resposta a Keynes, Harrod escreve que "Embora eu concorde genericamente com o que diz de Schultz, penso que Tinbergen pode estar a fazer um trabalho de valor ao tentar traduzir esta parte da teoria em termos quantitativos, por.ex. no modelo em que a taxa de juro e a eficiência marginal do capital determinam conjuntamente a taxa de investimento".

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