No blogue Abrupto, Pacheco Pereira colocou há dias uma pergunta muito simples: «Pode o governo, sff, colocar em linha os estudos sobre o aeroporto da Ota para que na sociedade portuguesa se valorize mais a "busca de soluções" em detrimento da "especulação" ?» A pergunta remetia para uma declarações do ministro Manuel Pinho que, respondendo ao "manifesto dos 13", dissera: «Respeito muito os signatários, mas há sociedades que valorizam mais a especulação e a análise, enquanto outras valorizam mais a busca de soluções.» O Abrupto foi repetindo a pergunta e assinalando os blogues que iam aderindo a esta campanha, eles próprios repetindo a pergunta e/ou fornecendo novos dados e análises em reforço desta ideia simples: os estudos que se conhecem não permitem formular uma opinião fundamentada. Os jornais foram ignorando o problema, apesar de continuarem a retirar citações do Abrupto (como ainda hoje faz o Público). Finalmente o gabinete do ministro Mário Lino manifestou uma posição, divulgada hoje pelo Portugal Diário: «O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações vai promover, em Outubro, uma apresentação pública do projecto do novo aeroporto e posteriormente divulgaremos toda a informação pertinente e necessária na internet». Até lá não haverá divulgação de qualquer estudo. Ficou-se igualmente a saber que o actual governo não realizou quaisquer estudos específicos. Mas vale a pena ler a notícia completa. Como não é previsível que se façam mais estudos até Outubro, a promessa do governo só pode ter uma interpretação, que o Portugal Diário escolheu para título: "Governo recusa-se a publicitar agora estudos sobre a Ota." A própria NAER, empresa formada com o objectivo realizar os estudos para o novo aeroporto, e que nisso gastou 12,7 milhões de euros, diz que só os divulga quando tiver autorização do governo. Assim vai a transparência e a governança em Portugal. O Abrupto salienta, muito justamente, o facto desta campanha ter decorrido exclusivamente na internet. Igualmente relevante é o facto do "furo" sobre a posição do governo ter sido conseguido por um jornal digital. No entanto este último facto pode ter duas leituras, não necessariamente exclusivas: bom trabalho jornalístico do Portugal Diário, e/ou o facto de o governo estar a tentar minimizar os estragos desta questão, limitando (se possível) o debate à blogosfera. Adenda Outra posição do governo é a de negar que haja qualquer secretismo neste assunto, dando como exemplo os "estudos preliminares de impacte ambiental relativos às localizações Ota e Rio Frio que estiveram em consulta pública entre Março e Maio de 1999." Sobre isto, pode dizer-se: - dificuldade de acesso fisico à documentação;O velho argumento: quem não se pronunciou não se pode vir queixar agora não serve nestas circunstâncias, atendendo à limitação temática da consulta, ao tempo decorrido desdes os estudos e às alterações das condições económicas e financeiras. |
sexta-feira, agosto 05, 2005
Ota: governo tenta minimizar estragos
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Leituras de Verão:
“DO EMBUSTE DA OTA AO CRIME DA OTA”
DN/Negócios (1Ago), Arménio Matias (Presidente da Adfer)
(...)
“Da comparação das quatro opções consideradas, conclui-se”:
a) Da análise global de um conjunto de aspectos objectivos, a melhor opção é Montijo B e a pior a Ota;
b) No aspecto operacional a melhor opção é o Rio Frio a e a pior a Ota;
c) Na perspectiva da engenharia a melhor é Montijo B e a pior a Ota;
d) No aspecto ambiental a melhor é Rio Frio e a pior Montijo A;
e) Na perspectiva da acessibilidade a melhor é o Montijo A e B e a pior Rio Frio *;
f) No aspecto do esforço financeiro nas infra-estruturas e da própria TAP a melhor é Montijo B e a pior a Ota;
g) Na perspectiva da operação simultânea com a Portela e dos investimentos inerentes a melhor solução é o Montijo B e a pior a Ota.
(...)
Estas conclusões da ANA de 1944 são esmagadoras para a decisão do governo, em 1988, que, com base no risco de colisão com aves, conduziu à precipitada escolha da Ota.
(...)
PS: No tempo em que os animais falavam e havia em Portugal planeamento estratégico/planos de fomento, concluiu-se que o NAL iria ser em Rio Frio (Década de sessenta, século XX).
* Presumo que não contando ainda com a ponte Vasco da Gama.
Comentários para quê? O Independente de sexta 5Ago ajuda a entender a fixação do senhor que anda a fazer de ministro das OP.
A haver alguém para por ordem nisto, teria de ser o PR do meu País. Será?
Conto com a compreensão do autor e do DN. Trata-se apenas do «interesse nacional».
Suponho a redacção correcta de um dos parágrafos é: "Estas conclusões da ANA de 1994 ..."
Encontra-se num texto de Carménio Matias, disponível aqui:
http://dn.sapo.pt/2005/08/01/suplemento_negocios/ota_o_interesse_nacional_e_outros.html
A evolução dos preços do petróleo em 2006 e o seu impacto na aviação civbil deveriam ser tomados em consideração no processo de decisão sobre quaisquer hipotéticos novos aeroportos.
Enviar um comentário