Teodora Cardoso, em entrevista ao Diário de Notícias (conduzida por Rudolfo rebelo), considera o PIIP como «uma oportunidade falhada porque não conseguiu ultrapassar credivelmente» a perspectiva de curto prazo: «A "conjuntura", que se mantém há pelo menos cinco anos e, por isso, já se tornou "estrutura", não impede, antes exige, que se tomem medidas relançamento que, como está abundantemente provado, têm de ser de natureza estrutural. Isso exige ver a Europa como muito mais do que o colete de forças do PEC como contrapartida para a obtenção de fundos que se usam para manter a aparência de prosperidade. Exige estímulo a investimentos estruturantes, competitivos e virados para o exterior, despesas públicas ao serviço da economia em lugar de serviços públicos que se contentem em exauri-la, políticas eficientes de energia, transportes, educação, saúde e justiça, e uma regulamentação do trabalho que concilie a competitividade com a equidade, o que muitos países mostram não ser impossível...»A economista rejeita a realização de grandes investimentos não fundamentados, mas rejeita igualmente o argumento de que não podemos investir por estarmos endividados: «Investimentos com racionalidade económica são indispensáveis ao desenvolvimento, são financiáveis e são mesmo a única forma de, a prazo, o endividamento se reduzir, fazendo crescer o rendimento. Quanto à Irlanda, bastou-lhe, na sua situação muito especial, um bom aeroporto em Dublim e as infra-estruturas britânicas para dispor de uma excelente capacidade logística, que permitiu às empresas que lá se instalaram abastecer-se e colocar eficientemente os seus produtos em qualquer mercado europeu ou mundial. Não é esse o caso de Portugal, onde é incipiente a coordenação e o desenvolvimento do transporte aéreo, marítimo e ferroviário, de passageiros e mercadorias. Quando a Espanha dá prioridade ao transporte ferroviário misto em bitola europeia e "altas prestações" (não confundir com o TGV, que é um caso particular restrito a grandes volumes de tráfego de passageiros a distâncias que o justifiquem) e quando desenvolve todas as suas ligações ao exterior, Portugal tem de escolher entre coordenar-se com essa estratégia ou manter critérios de investimento determinados por políticas de curto prazo e interesses.» |
terça-feira, agosto 16, 2005
Entrevista com Teodora Cardoso
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