terça-feira, maio 24, 2005

Delírio orçamental


Eis, de novo, o suspense orçamental. Por onde seguirá o governo: pela via do "inevitável" aumento de impostos, considerado imprescindivel por metade dos economistas, e "indesejável mas inevitável" pela outra metade ? Ou cumprirá Sócrates a promessa de manter o "estado social", fazendo crescer as receitas pelo lado da oferta ?

Sei que as promessas de Sócrates cheiram a utopia, desejável mas irrealizável. Mas o facto é que a via do aumento de impostos e das "medidas difíceis" já leva uns anitos de aplicação (essa é que é essa) sem resultados estruturais e duráveis.

Por momentos tive um delírio, imaginei, por escassos segundos, que Sócrates seria capaz de o fazer. Começaria por afrontar a União dizendo que a política de correcção dos desequilíbrios estruturais teria de ser de longa duração - 8 a 10 anos - e que nos primeiros 4 ou 5 o défice terá de subir, para depois descer sustentavelmente a caminho do superavit.

Iniciaria depois um pocesso de intrapreneurship público, começando a transformar diversos serviços e institutos públicos em empresas privadas, com apoios aos funcionários que estivessem dispostos a arriscar o emprego em tais iniciativas. O objectivo dessas empresas seria o fornecimento de serviços, actualmente públicos, mas privatizáveis num curto prazo, criando um mercado para tais empresas.

A alternativa, para os funcionários de tais serviços que não queiram fazer a transição para o privado, seria a reforma antecipada forçada e em condições penalizadoras. A lógica de tudo isto seria: como uma parte dos serviços públicos tem obrigatoriamente de deixar de pesar no orçamento, mais vale esta transição suave do que um colapso, de consequências mais graves para os próprios funcionários.

6 comentários:

Ricardo disse...

Começo a ficar farto destes anúncios catstróficos no início de cada governação que mais me parece um alibi que uma verdadeira preocupação. O objectivo é o crescimento económico e a qualidade dos serviços públicos e sociais, não é mais nenhum.

Estarmos a prioritizar o instrumento em vez das metas só vai criar mais ciclos viciosos de aumento de despesa (subsídio desemprego, reformas antecipadas, degradação serviços públicos, menos investimento externo, mais serviços externos, etc.). Espero que não se cometam os mesmos erros do passado.

http://filhodo25deabril.blogspot.com/2005/05/423-dfice-oramental-683-o-regresso-do.html

Joao Augusto Aldeia disse...

Creio que é um sentimento generalizado. Creio também que é simultaneamente uma preocupação e um alibi, uma incapacidade para lidar com a complexidade e as contradições da sociedade actual. Parece que se vai tentar a próxima solução sem grande convicção do resultado.

Creio ser por isso que alguns comentadores dizem que se estão a reunir condições para um golpe de estado. Mas penso que, quem quer que fosse que tentasse isso, não teria apoio interno - tal é a descrença, já nem num D. Sebastião se acredita.

Ricardo disse...

Já não se acredita no D. Sebastião mas cada vez mais se acredita no "eu". E quando o "nós" funciona tão mal e está tão desacreditado sobra o "eu". É esse conjunto de "eus" que não formam um "nós" vai sempre criar condições para um golpe de Estado.

Não é que tudo esteja mal mas a Democracia enfrenta crises de representatividade e as sociedades têm dificuldade em suprimir os grupos de interesse que tudo entopem e estagnam. A Democracia necessita de ser refundada mas de preferência sem golpes de Estado, claro!

Anónimo disse...

Sonhar é bom mas infelizmente a realidade é que Sócrates não faz a minima ideia de como resolver o problema, e esta já é uma opinião pessoal não vai ter coragem nem capacidade para apoiar os poucos elementos deste governo que têm capacidade para implementar as medidas necessárias e portanto não se vai passar nada ( nomeação de Fernando Gomes p/ GALP....... )

Bmonteiro disse...

GALP % Cia:
Vale, ser incompetente no governo, mas ter cartão PS.
Condição político, assegura elevadas capacidades humanas em qq campo, para tudo.
"A democracia é uma coisa boa/
não há quem diga que não/
sem ela não se sabia/
que havia tanto ladrão"
(livro de coronel exército)
BancoPortugal:
dois meses antes idade/condiçoes reforma por inteiro, sai-se do banco//17 mil contos bónus// reforma completa dois meses depois.
(caso amigo meu)
Como será com Ele?

Anónimo disse...

Falam,falam e, nao dizem nada.