sexta-feira, abril 08, 2005

Ridículo



Já aqui tinhamos feito referência a um artigo do New Scientist que atribuía ao comércio um papel na evolução do homo sapiens. Agora é o Economist que pega na história para tentar provar a excelência do neo-liberalismo económico moderno. Abusivamente, através do uso de expressões como "sound economics" e "free trade", o Economist tenta extrapolar uma hipótese de há 35 mil anos para a realidade actual.

O certo é que a hipótese agora colocada - que o homo sapiens terá adquirido vantagem com o comércio, o qual, aparentemente, não era praticado pelos neandertais - é apenas mais um elemento a somar a outras possíveis causas. Por exemplo: calcula-se que os neandertais não tivessem pensamento simbólico, ou apenas muito limitado; isso limitaria igualmente as suas capacidades linguísticas e de comunicação.

É igualmente discutível a hipótese de que o desaparecimento dos neandertais e o florescimento dos sapiens tenha representado um progresso, mas isso éoutra discussão.

No fim do artigo o Economist emenda um pouco a mão, reconhecendo que "nada disto prova em absoluto que a economia [economics] tenha permitido à humanidade o domínio da Terra, mas levanta a intrigante possibilidade de que a ciência deprimente [dismal science] seja responsável por algo mais do que lhe foi outorgado por Smith e Ricardo".

Simplesmente ridículo.

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