sábado, abril 02, 2005

Mais uma vítima do mercado...


Segundo um recente artigo da New Scientist, o "livre comércio" pode ter sido a causa da extinção, há 30 mil anos atrás, dos Neandertais.

A revelação é feita, não por arqueólogos ou antropólogos mas (imaginem...) por economistas holandeses e americanos.

Entre as "explicações" anteriores para o desaparecimento destes nossos primos atarracados contavam-se as mudanças ambientais (o friozinho glaciar...) ou capacidades mentais limitadas (relativamente aos primos sapiens) que os tornavam piores caçadores. O certo é que tinham tido sucesso durante um longo período de tempo - 260 mil anos - incluindo vários episódios de glaciação.

A tese económica é a de que o desenvolvimento do comércio entre diferentes comunidades de sapiens permitiu iniciar o processo de especialização. "O comércio terá permitido a divisão de trabalho, libertando indivíduos com capacidades especiais, por exemplo para a caça, para se concentrarem nas tarefas em que eram melhores"

Esta hipótese baseia-se na evidência arqueológica da existência de quarteirões organizados de modo complexo, com diferentes partes destinadas a funções específicas, enquanto que os Neandertais viviam em espaços indiferenciados. Outra evidência indica que os humanos primitivos importavam diversos materiais e que esta diversidade de recursos terá favorecido a inovação.

Recorde-se que os últimos dos Neandertais devem ter resistido na Península Ibérica e, nomeadamente, neste nosso cantinho. Isto costuma explicar-se pela progressão dos sapiens pela Europa fora, substituindo gradualmente os primos devido à vantagem competitiva. A famosa "criança de Lapedo" levanta mesmo a hipótese de ter havido aqui contacto genético entre as duas espécies.

Querem ver que as nossas dificuldades competitivas e de inovação ainda acabam por ser atribuídas à pré-história?


Criança de Lapedo (clique)

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