sexta-feira, abril 01, 2005
Atlântico: primeiras reacções
Continuando o post de ontem sobre a revista "Atlântico", encontrei informações detalhadas sobre a referida publicação nesta notícia do Público, do jornalista Marco Monteiro Cândido.
Como referi, esfrego as mãos de contente à espera das reacções da esquerda, particularmente do Eduardo Prado Coelho. Aguardo especialmente as reacções ao artigo de Rui Ramos, "José Sócrates na Ilha da Páscoa" que, para além de um delicioso humor, constitui um libelo de acusação ao programa político da esquerda - e está muito bem escrito.
Uma primera reacção à revista pode ser encontrada no Blogue de Esquerda, pela mão de Jorge Palinhos. Título do comentário: "Naufrágio no Atlântico".
Este comentário desilude muito, pela sua superficialidade e insulto gratuito: considera que a revista um "plágio" da "The Atlantic", mas feita por "amadores subfinanciados", que a primeira página é "pirosísima", e parece encanitar-se com o facto dos colaboradores parecerem "ter sido todos recrutados na blogosfera dextra portuguesa". O Acidental respondeu assim.
Mas, depois, lá admite que "isto são apenas circunlóquios, pois o que verdadeiramente interessa é a qualidade de escrita, o rigor da informação, a clareza e frescura das ideias expressas". Porém, quanto a isto, pouco adianta, limitando-se a transcrever "várias primeiras frases de alguns artigos" da revista "escolhidos aleatoriamente"; achará Jorge Palinhos que citar umas quantas frases mostra à evidência que os artigos (e a revista) não prestam ? Ou, simplesmente, não teve tempo para digerir tudo ?
O certo é que Jorge Palinhos se "esquece" de citar os dois mais importantes artigos: o de Paulo Tunhas sobre o "narcisismo" dos intelectuais ocidentais e o já referido "José Sócrates na Ilha da Páscoa", de Rui Ramos. Assim, e ao contrário do Bloguítica, não me parece que esta seja uma "crítica equilibrada".
Ou seja:
Aguardam-se pois comentários mais estruturados, subsequentes a leituras mais demoradas.
Adenda: noutro post de ontem, Jorge Palinhos admite que a revista inclui "duas ou três peças que me pareceram de algum mérito: um ataque ao Sócrates do Rui Ramos, um artigo sobre a Guerra do Vietnam do Luciano Amaral e um ensaio do Paulo Tunhas. Mas apostava um bilhete para a Festa do Avante com o PPM em como seria capaz de prever boa parte da argumentação e das conclusões destes artigos sem mesmo os ler."
Mas que argumentação é esta ? Afinal leu ou não os artigos ? Se não os leu, como sabe que possuem "algum mérito" ? Se leu, para quê a aposta ? E o facto de ele, Jorge Palinhos, poder prever "boa parte da argumentação", é isso critério de qualificação/desqualificação dos artigos ?
Vá lá, rapazes, um pouco mais de esforço!
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