sexta-feira, março 18, 2005

Maus genes


Segundo uma notícia do New Scientist, as pessoas comportam-se de modo mais altruísta quando sabem que estão a ser observadas, mesmo quando essa observação é "feita" por uma fotografia inóqua.

A experiência referida, realizada por Terry Burnham, da Universidade de Harvard, investigou o comportamento de dois grupos, interagindo com monitores de computador; a única diferença entre os grupos é que um deles tinha no ecrã a fotografia de um robô que simulava estar a olhar o utilizador, embora o utilizador soubesse que se tratava apenas de uma imagem, sem qualquer possibilidade de "ver" ou captar qualquer informação.

Mesmo assim, o grupo com o robô nos ecrãs manifestou um comportamento mais altruísta. O investigador acredita que, apesar da parte do nosso cérebro que toma as decisões saber que o robô é apenas uma imagem, os seus "olhos" desencadeiam algo mais profundo. Pode-se então manipular o comportamento altruísta com um par de olhos falsos porque partes mais antigas [ou seja, de desenvolvimento mais arcaico no processo evolutivo] do nosso cérebro não os conseguem reconhecer como falsos.

O "altruismo" ou "egoismo" não poderiam, pois, ser considerados como características inatas e automáticas, mas como elementos de um "comportamento teatral" movido quer por mecanismos conscientes, quer por mecanismos automáticos, incorporados geneticamente ao longo do processo evolutivo.



Terry Burnham é co-fundador da Progenics e co-autor do livro "A Culpa é da Genética" [Mean Genes], da editora Sextante, livro onde se defende a tese de que "a luta do ser humano pelo auto-aperfeiçoamento é, na realidade, feita de batalhas contra os nossos próprios genes, os quais ajudaram os nossos antepassados ancestrais, mas que se revelam egoístas e desadequados no mundo moderno. Usando a lente evolucionista, o livro examina os assuntos que mais afectam as nossas vidas: imagem corporal, dinheiro, dependências e violência, bem como os relacionamentos, amizade, amor e fidelidade."

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