sexta-feira, março 25, 2005
Marx e Amaral
O Diário Económico publicou uma entrevista com João Ferreira do Amaral onde o ilustre Professor nos chaga mais uma vez com o anúncio da morte do Euro. Sim, este é o mesmo João Ferreira do Amaral que tem vindo a anunciar a morte do Euro ainda desde antes o seu nascimento. O facto da moedita europeia ter singrado não o demove: se a realidade não confirma as doutas previsões, mude-se a realidade!
JFA não foi o único a prever o colapso: até o nobelizado Samuelson garantiu que assim tinha que ser, e que assim seria. Mas como pode uma pessoa tão bem formada e informada manter-se tão firme perante a evidência do contrário?
Creio que solução pode estar em Marx. Como é sabido, Marx previu o fim inelutável do capitalismo, não só pela revolução, mas também por uma contradição interna no sistema que se traduzia através da queda tendencial da taxa de lucro; era uma bela Lei, com demonstração matemática e tudo - ainda por cima, uma demonstração matemática simples, acessível ao operariado, sem derivadas nem integrais.
Marx, porém, não era parvo; sabendo que a questão «que até aqui ocupou os economistas ("como explicar a baixa da taxa de lucro") cede lugar à questão: como explicar que essa baixa não tenha sido mais importante ou mais rápida», enunciou uma lista de 6 causas que contrariavam a Lei. Ou seja: que retardavam a sua aplicação embora, em última análise, a Lei acabasse por prevalecer.
Assim raciocina JFA: o euro há-de estoirar mas, por enquanto, a «revisão do Pacto é apenas um adiamento da morte do euro».
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