quarta-feira, fevereiro 16, 2005
Zero a matemática
No debate televisivo de ontem um dos argumentos mais abstrusos saíu da mente de Santana Lopes; disse ele que, para já, propõe que a idade da reforma seja aumentada para os 65 anos, medida aplicável obrigatoriamente aos funcionários públicos com 35 anos ou menos, admitindo que, mais tarde, se suba este patamar para os 40 anos, por exemplo.
Ora esta ultima hipótese só faria sentido num mundo estático, onde as pessoas não envelhecessem: suponhamos que esse "mais tarde" seria daqui a 5 anos; nessa altura os funcionários públicos com 40 anos seriam os mesmos que hoje têm 35... Ficaria tudo na mesma!
Mas se admitirmos que o "mais tarde" ocorre antes desses 5 anos, então estariamos a colocar trabalhadores que agora têm mais de 35 anos - e que, por isso, "escapam" a esta medida - no lote dos atingidos; ou seja: a tirar-lhe um direito que ainda hoje lhes garantiamos...
A hipótese de o "mais tarde" ser depois de 5 anos ainda seria mais ridícula, pois então estaríamos a desagravar trabalhadores agora abrangidos.
Portanto, zero a matemática para Santana Lopes.
Por outro lado (on the other hand, diria o economista maneta) Santana esboçou, sem explicar muito bem, uma hipótese que acho interessante: o acréscimo da idade da reforma seria feito de modo proporcional - semanas ou meses para os que se reformariam em breve, aumentando esse valor gradualmente para os seguintes, até se atingir o novo patamar.
No programa eleitoral do PSD propõe-se apenas "flexibilizar a idade da reforma". Mas no site A Verdade online (página oficial da candidatura) pode ler-se: "na Segurança Social, os sociais-democratas vão mesmo avançar com o prolongamento da idade de reforma para os 65 anos. No entanto, Santana Lopes assegurou que para os funcionários públicos com mais de 35 anos esta medida é opcional."
O programa eleitoral do PS é igualmente vago: "adoptaremos medidas que constribuam para favorecer a permanência dos trabalhadores mais idosos nos seus postos de trabalho, aproveitando as vantagens decorrentes da sua experiência, e minimizando os custos para a comunidade da antecipação da idade da reforma; neste quadro, é condição essencial que a idade de reforma vá acompanhando a evolução da esperança média de vida."
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