quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Monopólios locais


Num texto ambivalente, Maria Manuel Leitão Marques defende simultaneamente a dinamização do comércio tradicional:
«Justificam-se programas públicos para a dinamização do comércio nos centros de cidade, quando apoiados em parcerias efectivas e não apenas em investimento público desgarrado do correspondente investimento privado; é importante que se pense no redimensionamento da oferta nos mercado municipais e na re-alocação do seu espaço.»
e o das grandes superfícies:
«O que não deve é continuar a penalizar-se, em nome não se sabe de quê, o segmento mais dinâmico do comércio, precisamente um daqueles onde que se discute mais sobre estratégias de inovação do que sobre o modo de conseguir um maior apoio do Estado para o que quer que seja.»
Pode ser que sim. Mas aí está uma situação em que o mercado, sem entraves significativos, se tem mostrado extremamente "dinâmico" na morte do pequeno comércio urbano, tanto nos centros urbanos como nos bairros periféricos. E este efeito centrípeto não se limita à economia, pois a utilização do espaço público e dos espaços culturais (cinemas, livrarias) também tem sido arrastada para dentro dos mega-centros.

A capacidade financeira (na obtenção de financiamentos) destas unidades é de tal modo avassaladora que não há concorrência possível, por mais criatividade que exista. Estão assim a formar-se monopólios locais cujo efeito na economia não pode deixar de ser pernicioso.

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