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As citações, agora recorrentes, das Farpas de Eça de Queiróz, que por aí circulam e que deixam os basbaques aturdidos de espanto com a "semelhança", ignoram o facto de que o país está muito diferente do que era nos tempos de Eça - e para muito melhor. Só o exagero da nossa canastrona representação (e a ignorância da História económica e social do país) é que permite tais comparações acéfalas.
O que o ensaísta fez foi reagir adequadamente a mais uma encenação dramática da nossa "eterna crise", desta vez montada pelo Diário de Notícias, mas que se encontra permanentemente em cena nos palcos por onde passeamos as nossas máscaras.
Os três parágrafos de Eduardo Lourenço, ao contrário do que insinua VPV, nada têm a ver com "direita" ou "esquerda", já que ambas participam com talento na farsa; a única diferença entre elas é que o culpado da "crise", para a direita, é o 25 de Abril, enquanto que para a esquerda é o "grande capital" e o "neo-liberalismo". E é claro que para manter o dramatismo da representação não se pode admitir o quanto o país tem melhorado: nem à esquerda (seria reabilitar Salazar e Caetano) nem à direita (seria branquear a Revolução). Aliás, não foi só a esquerda que ignorou o texto de Eduardo Lourenço: a direita também. Ambas sentiram que o recado lhes era dirigido. Ambas enfiaram o barrete.
[Leia-se abaixo o texto referido de Eduardo Lourenço]
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