Miguel Cadilhe propõe um "sobressalto reformista": uma série de medidas de choque que incluem a descida de impostos e a drástica redução do peso do Estado para modernizar a economia. Para além do encerramento de serviços públicos, Cadilhe propõe a redução do tamanho do governo e do parlamento.
«A progressiva redução do rácio receitas fiscais/PIB poderá e deverá ser conjugada com a regra do défice num PEC inteligente, funcionando como dois braços de uma tenaz das despesas correntes primárias (...) o rácio despesas correntes/PIB desceria assim por efeito de duas forças confluentes. Como o rácio ronda os insuportáveis 40%, a meta apontaria para 27% em 2008, numa caminhada esforçadíssima, mas fantástica.»Entre as medidas excepcionais estaria mobilização das nossas "sagradas" reservas de ouro:
«Admito que Portugal não tenha, para o ouro, alternativa mais valiosa do que investir num programa sério de redimensionamento do Estado, modernização da Administração Pública, saneamento financeiro estrutural, correlativo impulso na produtividade nacional.»Ou seja, o problema é de tal dimensão que "só vai lá com um grande abanão".
Considero uma proposta interessante. Só falta saber onde é que existe a capacidade de mobilização nacional para uma tal arrancada. Por um lado, a mediocridade económica das últimas décadas e as notícias financeiras mais recentes deveriam, só por si, causar um sobressalto nos portugueses. Mas, por outro lado, estão aí várias eleições onde, como já se pode ver, o lema das campanhas vais ser apenas "mais do mesmo". Cada partido pensa (ou, pelo menos, afirma) que o problema são os outros partidos; feita a escolha certa (diz cada um) o problema está resolvido. Ou seja: não há verdadeiramente problema grave no país; basta fazer a escolha certa e pronto.
Vale a pena ler toda a entrevista de Cadilhe ao Jornal de Notícias.
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