«Se considerarmos – erradamente – apenas o saldo orçamental e as despesas públicas totais face ao PIB (...) o défice público é muito maior entre 1986 e 1995 do que nos seis anos seguintes (uma média de 6.2% do PIB contra 3.6%) e o peso das despesas públicas no produto cresce de 41.7% para 43.7% do PIB nos dez anos da governação de Cavaco Silva (tendo atingido um máximo de 47.8% em 1993 (...)
«No entanto, a história é bem diferente se, ao invés, expurgarmos o saldo orçamental do efeito do ciclo económico e lhe retirarmos os juros da dívida pública, obtendo assim o saldo orçamental primário ciclicamente ajustado (SOPCA); e se retirarmos à despesa pública total os juros da dívida, obtendo, assim, a despesa pública primária. (...) agora, nota-se que este saldo orçamental "corrigido" – e bastante mais representativo da realidade das finanças públicas do que o saldo orçamental "por si só" – só por um ano (1991) foi negativo nos dez anos de 1986 a 1995, tendo verificado um valor médio de 1.3% do PIB; a partir de 1996, é evidente a deterioração que o leva para terreno negativo a partir de 1999 (inclusive), isto é, três anos em seis, descendo então a média entre 1996 e 2001 para –0.1% do PIB. (...)»
Artigo de Miguel Frasquilho no Jornal de Negócios
Creio que foi Ronald Coase que disse: se torturarmos os dados durante tempo suficiente, eles acabarão por confessar...Ronald Coase:
«I remarked earlier on the tendency of economists to get the result their theory tells them to expect. In a talk I gave at the University of Virginia in the early 1960s, … I said that if you torture that data enough, nature will always confess, a saying which, in a somewhat altered form, has taken its place in the statistical literature. Kuhn puts the point more elegantly and makes the process sound more like a seduction: “nature undoubtedly responds to the theoretical predispositions with which she is approached by the measuring scientist.» E outra: When he awarded the Nobel Prize in 1991, Coase began his acceptance speech on a note of despair. «In my long life I have known some great economists,» he told the Committee, «but I have never counted myself among their number nor walked in their company.» |
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