quarta-feira, dezembro 29, 2004

Susan Sontag 1933-2004


Com a sua famosa madeixa de cabelo branco (depois diluída numa farta cabeleira uniformemente grisalha), Susan Sontag foi, durante várias décadas, o símbolo - quase por antonomásia - do intelectual de esquerda americano. Nascida em Nova Iorque, Sontag conseguiu subir a pulso no exigente meio académico dos EUA. Depois de fazer o liceu em Los Angeles, formou-se em Chicago e prosseguiu estudos de filosofia, literatura e teologia em Harvard. Embora tenha experimentado a narrativa (em português pode ler-se O Amante do Vulcão e Na América), foi no ensaio que esta autora mais se destacou, nomeadamente com as obras Contra a Interpretação, Ensaios sobre a Fotografia e A Doença como Metáfora. Empenhada defensora dos Direitos Humanos, Sontag viveu largos períodos em Sarajevo (1993-96), tendo ficado célebre a sua encenação, durante o cerco, da peça À Espera de Godot, de Beckett. Foi-lhe atribuído o Prémio Príncipe de Astúrias para as Letras.

José Mário Silva, DN

«Não acho que seja bom para os EUA ou para o mundo que o presidente dos EUA seja o presidente do planeta. Mas não sou uma professora que pode ser demitida. Não trabalho na indústria do entretenimento cujos filmes ou canções podem ser boicotadas. Há muita retaliação. Sou uma pessoa autónoma, não tenho um emprego que possa perder. Mas as pessoas normais têm empregos. É difícil para elas serem valentes quando podem ser demitidas. Para Noam Chomsky ou para mim, sim, podemos dizer o que quisermos. O que é importante é construir um movimento político, não ter apenas vozes isoladas. Bush será reeleito por uma maioria avassaladora. Eu deveria corrigir-me: ele não será reeleito, será eleito. Da outra vez,ele não foi.»

Susan Sontag em entrevista ao Globo, 1.Jun.2003
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