O escritor Mário Cláudio é o vencedor do Prémio Pessoa 2004, «pela mestria da língua, a preocupação historiográfica, a tentação biográfica e a extraordinária invenção narrativa».
FELES
Por todo um Inverno,
O amor lhe dilacerou o ventre,
Com fundas garras de gelo.
E a Primavera zumbiu,
Sobre sua cabeça,
Numa vertigem de pólen.
Senta-se agora,
Junto à lareira do Outono,
E é um bule de porcelana.
Mário Cláudio, Dois Equinócios, 1996
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