quarta-feira, novembro 10, 2004
Ordens: polícias das Universidades?
Luís Conraria, na sequência do Professorices, levantam o problema do corporativismo das Ordens profissionais, em termos com que concordo. No entanto é possível que seja o mau funcionamento de alguns dos mecanismos da nossa vida colectiva que está a alimentar esta corporativice (ou corporativite).
Por exemplo: estarão as Universidades a desempenhar suficientemente bem o papel da avaliação e graduação dos conhecimentos? Ou: existe uma razoável uniformidade, entre as diversas Universidades e para cursos equivalentes, dos sistemas de avaliação? No caso de não ser assim, criam-se argumentos favoráveis ao crivo suplementar das Ordens.
Mas não me parece que seja solução, para tais problemas, a criação de novos exames e novos estágios, porque então deixamos de ter um problema para ter dois: nas Universidades e nas Ordens.
A situação chega ao ridículo, como é o caso da Ordem dos Arquitectos, de se pronunciarem sobre o conteúdo das disciplinas, propondo alterações, como condição para a famosa “creditação”, ou “acreditação”. A Ordem dos Economistas também se está a pôr em bicos de pés, com esse esquema das creditações dos cursos, tentando fazer-se necessária, quiçá imprescindível: é sempre a velha luta por uma fatia do poder. Conheço um caso de recusa de inscrição, nesta Ordem, de um licenciado em Gestão do Sector Público (do ISCSP) por “não ser da área da Economia”.
Creio, no entanto, que as Ordens podem ser úteis em aspectos deontológicos relacionados com a prática profissional, e também na definição de estratégias para o ensino, mas a montante da Academia e não como polícias à porta das Universidades.
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1 comentário:
Além de concordar com o tom do seu post, concordo completamente com o seu último parágrafo.
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