segunda-feira, novembro 29, 2004

A única escola que quê ?


O Causa Liberal comenta assim o meu remoque a um texto de W. Anderson:
"Olhe que não, olhe que não. É precisamente nesta questão [impossibilidade do ordenamento cardinal da utilidade subjectiva] que reside toda a questão da ciência económica e que faz da Escola Austríaca a única que a percebe e se dá ao trabalho de tirar as devidas consequências."
Quando usei a expressão "tralha ideológica", no texto citado, referia-me ao conjunto do artigo de W. Anderson, ao seu formalismo argumentativo e não ao específico argumento da impossibilidade de estabelecimento da utilidade cardinal.

De resto transcrevi propositadamente, do texto de Anderson, dois parágrafos: um, mais anedótico, que mostra o espírito policial dos que "decidem" quem pode ou não entrar numa discussão e outro, mais sério, que constitui um dos pontos de clivagem da teoria económica actual.

Eu estou disponível para ouvir e tentar entender os argumentos de cada um dos lados. Mas não para os polícias que decidem (em nome de quem e do quê?) quem é que pode, ou não, entrar na discussão - atitude que surge no texto de Anderson e em muitos outros disponíveis no site do Mises Institute.

1 comentário:

Luis Gaspar disse...

"Nós" não precisamos de ordenar cardinalmente a utilidade: isso é para os políticos. Nós só precisamos de saber que, na margem, são idênticas, e é a partir daí que os preços se formam. E é nas alterações de preços que teremos alterações, na margem, das utilidades. Independentemente do nível cardinal a que lhes estiver associado. A escola austríaca e a escola keynesiana, quanto a mim, diferem em algo tão substancial que qualquer fusão, por mais tentadora que pareça, é impossível: para a escola austríaca a procura ainda é mais estéril que para os neo-clássicos, para os keynesianos ela é o fundamento de todos as alterações. Usam conceitos tão diferentes em significado, como valor, ou inovação, que se torna incomensurável - é uma opção de fé. A minha vai claramente para Keynes.