terça-feira, agosto 15, 2006

Aranhas, formigas e cérebro




«[...] As aranhas e as formigas estão longe de ser mestres da matemática ou magos das probabilidades (e eu temo que aconteça o mesmo com muitos membros da Confraria dos humanos, mas não vou agora desenvolver esse ponto.) No entanto, elas comportam-se tal como os modelos económicos da satisfação [satisficing] tipicamente predizem. Elas fazem-no na procura de comida, de acasalamento, de segurança do lugar para descansar, e por aí fora. Resumidamente, a modelação económica mostra que criaturas muito estúpidas podem fazer coisas muito espertas, não pensando nelas coisas tal como faria um teórico da decisão, mas precisamente como resultado de milhões de anos de estratégias ao acaso que levaram algumas espécies a adquirir uma boa probabilidade de ficar por cá, pelo menos durante mais uma geração - supondo que o mundo se mantém mais ou menos estável durante a existência dessa geração.

«Os neurónios do cérebro também são, cada um deles, bastante estúpidos. Mas séculos de evolução conduziram-nos a respostas probabilísticas para que, em conjunto, criem estratégias para manter todo o organismo intacto durante mais uma geração (continuando a supor que o mundo se mantém mais ou menos estável durante a esse tempo). Para Glimcher, os modelos econométricos são tão precisos como qualquer coisa que se possa imaginar para mostrar que biliões de neurónios estúpidos podem agir em conjunto para aumentar a probabilidade de que o sistema - o animal - utilize avisadamente os seus recursos para garantir a sua permanência no mundo durante mais algum tempo.»

Recensão de Paul A. Wagner ao livro
"Decisions, Uncertainty, and the Brain:
The Science of Neuroeconomics
"
de Paul W. Glimcher
MIT Press, 2003.

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