terça-feira, fevereiro 07, 2006

Ai o Estado...


    André Carraro

André Carraro é um economista brasileiro que, entre outras coisas, lecciona na Universidade de Santa Cruz do Sul e escreve para o blogue Economia Everywhere; na revista "Contexto Económico" encontramos um seu texto sobre "Economia x Corrupção", onde lista as desvantagens e vantagens da corrupção. Vale a pena atentar nestas últimas:
«Qual é o benefício da corrupção? Bem ou mal, os investimentos acontecem e os processos têm andamento. Quando um empresário encontra um funcionário público honesto, que segue as regras e as normas estabelecidas, o custo para a empresa é a lentidão no andamento dos processos, já que existe excesso de regulamentação. Assim, a saída para o empresário é encontrar um funcionário que demande propina

Não existe competição dentro do serviço público, assim como não existe competição pela oferta de serviço público. Existe, sim, o chamado poder discricionário, ou seja, alguém tem o poder de decidir quem vai receber o serviço ou o bem público, através da utilização de critérios técnicos ou políticos. É desta forma que ocorre a venda do serviço público. Para a sociedade, isso tem um custo imenso, pois o resultado é a redução da rentabilidade do capital ao menor investimento.

O que fazer? Não existe uma resposta única e definitiva, mas um procesos em discussão. Enquanto acharmos que a solução para o fenómeno da corrupção no Brasil está na denúncia e na punição de indivíduos, não haverá mudança nas regras do jogo. As regras do jogo estão equivocadas. A formação do Estado está equivocada. A solução para a corrupção está na denúncia do fracasso do Estado nacional. É preciso mudar o enfoque, pois a corrupção é um problema de instituições equivocadas.»


       Isabeli Fontana

André Carraro é também um homem de humor corrosivo, como se pode ver nos seus posts no Economia Everywhere. Num deles coloca ao leitor o seguinte desafio mental: «Mas, o que aconteceria se a sociedade fosse aos poucos mudando a forma como ela identifica o criminoso? O que aconteceria se de ladrão um criminoso fosse chamado de operário» - isto a propósito da opinião da modelo Isabeli Fontana sobre os ladrões que a assaltaram na rua: «Eles não têm culpa, pois fazem isso para ganhar a vida. Isso é mais um exemplo de que as pessoas devem se preocupar em ajudar umas as outras.»

Noutro post pergunta ao leitor que prenda daria ao presidente Lula no jogo do "amigo oculto":
      a) um livro do Saramago
      b) a reeleição
      c) o jogo banco imobiliário
      d) um novo ministro da fazenda
      e) um projecto de governo

(via De gustibus)

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