Extractos de 5 documentos sobre o esforço da administração norte-americana para "plantar" notícias na imprensa, utilizando os meios de comunicação como correias de transmissão da sua propaganda:
Editorial do New York Times de 16.Março.2005 (reproduzido pela Truthout) - «Tal como é documentado esta semana por um artigo de David Barstow e Robin Stein no "The Times", mais de 20 agências federais, incluindo o Departamento de Estado e o Departamento da Defesa, forjaram falsos clips notíciosos. Nos seus primeiros 4 anos, a administração Bush gastou mais de 254 milhões de dólares do que a administração Clinton, em contratos com empresas de relações públicas. Muitas das gravações eram muito sofisticadas, incluindo "entrevistas" que pareciam genuínas e "repórteres" que se pareciam muito com os genuínos profissionais. Apenas espectadores sofisticados poderiam facilmente reconhecer que estes vídeos eram na realidade anúncios comerciais não pagos originados na Casa Branca ou em outras áreas do governo. Alguns dos vídeos caíam claramente no território interdito da propaganda, e o "Government Accountability Office" disse que pelo menos dois deles foram distribuídos ilegalmente. No entanto, muitas estações de televisão passaram esses videos, sem qualquer pista sobre de onde tinham realmente vindo. E enquanto que algumas delas alegam que cairam acidentalmente na armadilha, parece óbvio que, em muitos casos, estações de televisão com carência de repórteres, muito tempo de emissão para preencher e pouco dispostas a gastar dinheiro na recolha de material original, abdicam das suas responsabilidades editoriais a favor das equipas de informação do governo.»
Editorial do Washington Post de 16.Março.2005 (reproduzido pela Truthout) - «Esta técnica é simultaneamente ilegal e estúpida. Do ponto de vista legal as notícias pré-preparadas são abrangidas pela proibição do uso de fundos públicos para propaganda "doméstica". A interpretação da Administração de que : "não há problema em omitir a fonte desde que o spot seja 'puramente informacional'" - é inaceitável: salientar alguns "factos" e deixar outros de fora pode ser mais persuasivo do que a defesa aberta de uma causa, e é essa a razão pela qual a Administração escolheu esta técnica. Mais importante ainda: este tipo de propaganda mascarada de notícias representa um modo desleal de um governo conduzir a sua actividade: falsos jornalistas pagos pelo governo para divulgar a versão oficial das notícias é tão perturbante como a existência de verdadeiros comentadores pagos pelo governo para apoiar os seus pontos de vista.»
Despacho de Eric Boehlert no Salom.com (reproduzido pela Truthout) - «A controvérsia surgiu depois da emissão de um video a apoiar a reforma do Medicare criado pelo Centers for Medicare and Medicaid Services, uma agência que faz parte do Department of Health and Human Service. Profissionalmente produzido para se parecer com uma reportagem noticiosa para estações de televisão locais, o video era talvez demasiadamente realista. Tendo passado em quase 40 redes de televisões locais, nunca foi dito aos espectadores que o clip de 90 segundos tinha sido criado pelo governo. Pelo contrário, foi utilizado um narrador contratado, que terminou a peça com a frase: "De Washington, uma reportageem de Karen Ryan" (In Washington, I'm Karen Ryan reporting)»
Nota do U.S. Government Accountability Office(GAO) de 30.Set.2005 - «No decurso da nossa investigação [ao contrato entre o Departamento de Educação-DE e a empresa Ketchum] verificámos que o DE tinha contratado o North American Precis Syndicate para escrever um artigo de jornal intitulado "Parents want Science Classes that Make the Grade". O artigo relata um estudo que o DE conduziu acerca da opinião dos pais sobre a diminuição, nos estudantes, da literacia em ciência. O artigo, que foi publicado em numerosos jornais de pequena dimensão e circulares por todo o país, não revelava o envolvimento do DE na sua elaboração. A nossa conclusão (...) é que os materiais produzidos pelo governo, ou sob a sua direcção, e que não o identificam como a origem dos materiais, constituem propaganda encoberta.»
Despacho de Christian Miller no Los Angeles Times, 1.Out.2005 - «A Administração Bush praticou "propaganda encoberta ao contratar o apresentador de televisão e conservador Armstrong Williams para promover um controverso programa educacional, revelaram investigadores do Congresso. (...) Também em pelo menos dois casos durante a Administração Clinton, Departamentos do governo utilizaram actores para representar repórteres em peças noticiosas com o objectivo de serem distribuídas para estações de televisão.»
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