Ben Bernanke foi designado pelo presidente dos EUA para suceder a Alan Greenspan à frente da Reserva Federal (FED), o banco central norte-americano. Bernanke é um "homem da casa" de Bush, pois já era presidente do Comité de Conselheiros Económicos da Casa Branca e pertenceu ao conselho de governadores do FED desde 2002 e até recentemente. É igualmente um académico Em várias ocasiões Bernanke manifestou tolerância perante alguma inflação, pelo menos no curto prazo, embora dentro de um objectivo anti-inflacionista a longo prazo. Entre os seus argumentos encontramos a importância dos "sticky prices" - a rigidez nos preços que impede a eficiência pura dos mercados (um argumento caro aos keynesianos). Daí, talvez, as reticências de LAS no Causa Liberal, que acredita que "o movimento da civilização se nota numa baixa progressiva dos custos de produção e dos preços reais", pelo que a escolha de Bush, aparentemente, não o convence. Bernanke seria assim um dos "poderosíssimos travões a esse movimento civilizador". É muito curioso o facto de outros comentaristas apontarem o novo Mr. Fed como um fanático do combate à inflação... Segundo a Wikipedia, Bernanke formou-se em Harvard em 1975 e obteve o doutoramento no MIT em 1979. Foi docente na Universidade de Stanford entre 1979 e 1985, passando depois a leccionar na Universidade de Princeton, onde é reponsável pelo Departamento de Economia desde 1996. Deu aulas na London School of Economics acerca de teoria e política monetária. Foi director do "Monetary Economics Program" do National Bureau of Economic Research e editor da revista "American Economic Review". Bernanke é conhecido pelo seu trabalho sobre os canais de transmissão da política monetária, e particularmente pelo paper de 1992, com Alan Blinder, "The Federal Funds Rate and the Channels of Monetary transmission"", onde defendem que a expansão do crédito é mais importante do que a oferta monetária. O seu trabalho também contempla uma abordagem às causas da Grande Depressão dos anos 30, que deu origem ao livro Essays on the Great Depression. Eis algumas citações de Ben Bernanke: |
«Eu não advogo uma política estritamente rigorosa de inflation-targeting , que tente conter sempre a inflação a um determinado nivel. Penso antes que vale a pena especificar um objectivo para uma taxa de inflação média num prazo alargado. Creio que todos compreendem que o FED não pode conter a inflação num determinado nível, mesmo que o pretendesse, por causa dos choques que afectam a economia»
«Um dos grandes activos que temos para a reconstrução pós-Katrina é a força global da nossa economia. A resiliência da economia está em permitir que ela absorva os choques nos sectores da energia e transporte provocados pelo furacão, e a capacidade da nossa economia para crescer e criar empregos funcionarão como uma tábua de salvação para as regiões que foram mais afectadas. Portanto, a catástrofe torna ainda mais necessário que mantenhamos fortes os fundamentos da economia nacional e que continuemos a promover políticas que encoragem o crescimento. Enfrentaremos desafios significativos nos próximos meses e anos, mas estou confiante em que as comunidades da Costa do Golfo serão reconstruídas, e em que a economia do Golfo, e dos EUA como um todo, emergirão desta tragédia mais fortes do que nunca.»
«A política monetária não consegue responder de um modo convencional quando se baixam as taxas de juro para influenciar a procura agregada. No entanto, como já referi no meu discurso de Novembro de 2002, embora existam vias alternativas pelas quais a política monetária pode ajudar a expandir a economia, temos uma experiência limitada acerca dessas vias, sendo pior compreendidas do que o habitual recurso às taxas de juro.»
[acerca dos modelos que incorporam a regra "friedmaniana" de taxa de juro nominal=zero e alguma deflação]
«Eu diria que esses modelos são deficientes pelo menos em dois aspectos. Um dos problemas é que se focam quase inteiramente nos denominados "custos das solas dos sapatos" ["shoe-leather costs"], ou seja, o custo de minimizar a detenção de moeda (indo mais frequentemente ao banco, por exemplo) para evitar perdas com a inflação. Mas os "custos das solas dos sapatos" não são os únicos relevantes. Mesmo numa situação de estabilidade existem muitos outros custos, tais como os que decorrem das alterações de preços e das distorções nos impostos e regras contabilísticas expressas em termos nominais - e que estes modelos não incorporam. Portanto, e mesmo abstraindo dos problemas do ciclo económico e procurando determinar apenas a taxa de inflação que maximiza o crescimento, não é evidente para mim que ela deva ser negativa. O segundo problema é que esses modelos ignoram a rigidez nos salários e preços [sticky wages and prices] e a possibilidade de desvios, no curto-prazo, relativamente ao pleno-emprego.»
Trabalhos de Ben Bernanke: Referências na blogosfera: ||| Causa Liberal ||| Elba Everywhere ||| |