[ clique ]
No Economist, "Don’t blame the savers": «Alguns economistas defendem que os desequilíbrios da economia mundial se devem, em parte, a uma torrente de poupanças oriundas dos países em desenvolvimento directamente orientada para activos norte-americanos. Mas novos relatórios do FMI e do Banco Mundial dizem que o problema reside noutro lado. «Os conservadores americanos gostam muito de receitar a responsabilidade pessoal como cura para as doenças financeiras dos pobres. Existe por isso uma certa dose de prazer em ver as prodigalidade fiscal americana acusada de contribuir para os desequilíbrios que afectam actualmente a economia mundial. É esse precisamente o veredicto do recentemente divulgado relatório sobre poupança do World Economic Outlook do FMI. O documento salienta o perigo colocado à economia mundial pela elevada dependência dos vorazes consumidores americanos em abocanhar exportações do resto do mundo. «As economias emergentes, particularmente na Ásia, estão a registar elevados excedentes comerciais correntes, devido a uma estável corrente de exportações, particularmente para os EUA. Do outro lado do espelho, os défices correntes americanos escalaram para além dos 5% do PNB. As poupanças domésticas encolheram até níveis mínimos, enquanto os americanos recorrem ao endividamento para manter os níveis de consumo. No entanto, se os consumidores americanos abrandarem, e tal como as coisas estão agora, o resto do mundo vai sofrer também. «Para além disso, os economistas estão também muito preocupados com o facto da saúde da economia americana (e, por extensão, da economia mundial) se apoiar no mercado da habitação, que parece nitidamente empolado. Quando a bolha rebentar, teme-se que todo o conjunto se desmorone.» Documentos relacionados: Na blogosfera, sobre o artigo do "Economist:" Na blogosfera, sobre a "housing bubble": |
3 comentários:
Podemos pensar que as receitas neoliberais, como todas as outras, têm limites?
Eu creio que sim. Quando a economia neo-clássica refuta que um sistema de planeamento centralizado possa regular a vida económica em sociedade, julgo que tem razão. Mas o pólo oposto - ou seja, que o mercado só por si resolve os problemas - também está por provar.
Para que assim fosse, os indivíduos teriam de se comportar racionalmente (no sentido em que, perante todas as opções que devem tomar, optam sempre pela que os favorece mais); acontece que o mecanismo neurológico humano, devolvido ao longo de milhões de anos de processo evolutivo, não foi concebido especificamente para a economia de mercado - algo muito recente na história da Humanidade.
Sendo assim, alguma forma de planeamento económico (e redistribuição de rendimentos pelo Estado) tem de ter lugar.
Estou perfeitamente de acordo com a sua opinião e acho que este pensamento de Fernando Pessoa vem a propósito:
1. O homem é um animal irracional, exactamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo. É esta a conclusão que nos leva a psicologia científica, no seu estado actual de desenvolvimento. O subconsciente, inconsciente, é que dirige e impera, no homem como no animal. A consciência, a razão, o raciocínio são meros espelhos. O homem tem apenas um espelho mais polido que os animais que lhe são inferiores.
2. Sendo assim, toda a vida social procede de irracionalismos vários, sendo absolutamente impossível (excepto no cérebro dos loucos e dos idiotas) a ideia de uma sociedade racionalmente organizada, ou justiceiramente organizada, ou, até, bem organizada.
http://citador.weblog.com.pt/arquivo/208858.html
Enviar um comentário