O culpado disto terá sido Gary Becker, que no seu "Treatise of the family" dedica um capítulo à "Poligamia e monogamia nos mercados de casamento", embora já o Engels tivesse aplicado ao casamento as "leis" da economia marxista, em "A origem da família, da propriedade privada e do Estado" (1). Agora é Theodore C. Bergstrom que se debruça sobre o assunto em "On the Economics of Polygyny" (pdf): |
«Das 1170 sociedades registadas por Murdock no seu "Ethnographic Atlas", a poliginia (alguns homens tendo mais do que uma mulher) é prevalecente em 850. Além disso, a nossa própria sociedade está longe de ser completamente monogâmica. Cerca de 1/4 de todas as crianças nascidas nos EUA em 1990 tinham mães solteiras que não coabitavam com os pais. Apesar dos casamentos simultaneos com multiplos parceiros não serem oficialmente reconhecidos, o divórcio e "re-casamento" conduz a um padrão comum de "poligamia em série", na qual os homens voltam a casar mais frequentemente do que as mulheres e, também mais frequentemente do que acontece com as mulheres, têm filhos de mais do que uma companheira.»
Partindo da assunção básica - certamente inspirada nas teorias evolucionistas - de que os indivíduos desejam aumentar o número dos seus descendentes em face da escassez de recursos - Bergston desenvolve um modelo matemático que o leva a algumas conclusões curiosas, nomeadamente: |
«Numa sociedade que permita a poligamia e direitos de propriedade estáveis, haverá usualmente preços positivos para as noivas e alguns casamentos polígamos. Nessas sociedades, os preços das noivas não irão para as noivas, mas para os seus familiares masculinos e todas as mulheres serão alocadas com o mesmo montante de recursos pelos seus maridos. Quanto maiores forem os recursos disponíveis em média, na sociedade, por cada mulher, mais elevados serão os preços das noivas e maiores os recursos alocados a cada mulher. Todavia, nas sociedades com baixos montantes de recursos por mulher, em vez de preços positivos por noiva existirão dotes pagos directamente ao casal.»
Textos relacionados: Outras obras de Theodore C. Bergstrom: (1) - é neste livro que se desenvolve a tese de que, nas sociedades burguesas, o homem passou a dominar as mulheres por motivos económicos, mantendo-as fechadas em casa como garantia de que a herança seria transmitida a filhos legítimos ("filhos do pai"); em compensação, e uma vez derrotadas, as mulheres coroaram os vencedores com... um belo par de cornos. |
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