No Diário de Notícias de hoje:«A construção do novo aeroporto da região de Lisboa, na Ota, "terá impactos negativos significativos, fundamentalmente devido à destruição de habitats". A Ota "implicará a destruição de corredores ecológicos existentes" e "acarretará ruído além do legal". A "acessibilidade da procura lisboeta de transporte aéreo irá piorar" e "o município de Lisboa poderá perder receitas em consequência da quebra populacional e da relocalização de empresas para outros concelhos da região". Estes e outros conceitos não são retirados de nenhum relatório mandado realizar pela oposição à localização do novo aeroporto preferida pelo actual Governo. Consta, isso sim, do estudo preliminar de impacto ambiental elaborado pelo NAER (Novo Aeroporto) e ontem referido pelo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, na defesa que expôs da localização referida.» |
quinta-feira, agosto 11, 2005
Relatórios sobre a OTA
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1 comentário:
Esta citação parcelar do EPIA não abona muito em favor do rigor intelectual que me habituei a ver como uma qualidade que distinguia este blog.
Com efeito os EPIAs a que o artigo faz referência não têm como objectivo afirmar as vantagens da Ota em relação à Portela, mas antes "fornecer informação fundamentada e
objectiva para avaliar a viabilidade ambiental do projecto" considerando duas localizações alternativas: Ota e Rio Frio.
Já agora poder-se-ia acrescentar que de acordo com este estudo previa-se que o trafego de passageiros atingiria em 2005 9.8 milhões de passageiros. Dados recentes apontam para um trafego efectivo de 11 milhões de passageiros. A expansão da Portela necessária para suportar o aumento do tráfego no curto prazo implicam investimentos significativos nomeadamente a expansão do terminal de passageiros sobre a zona actualmente ocupada pelo terminal de carga. Fica ainda por resolver o problema das limitações operacionais associadas ao numero máximo de movimentos e zona de estacionamento.
Ao transcrever uma frase segundo a qual a Ota "acarretará ruído para além do legal" ilude-se a realidade. Os perfis de ruído da Ota indicam que a população total afectada por níveis elevados de ruído (< 65dBA) é de 5500 pessoas e atinge as 31000 para níveis de ruído muito elevados (> 65 dBAs). Seria interessante comparar estes dados com os dados homólogos com uma expansão da Portela.
A frase sobre a destruição dos corredores ecológicos diz na íntegra "o efeito de barreira resultante
da implantação do NA, que poderá impedir a normal circulação de espécies,
devido à destruição de corredores ecológicos anteriormente estabelecidos, terá
também impactes negativos, principalmente nas populações de mamíferos e
répteis".
O relatório diz também que "Os restantes grupos faunísticos não têm a mesma importância que a avifauna
porque, para além de necessitarem de territórios mais extensos, os corredores
ecológicos entre a Ota e as restantes áreas têm vindo a ser destruídos
(urbanização e vias de comunicação)."
Ainda sobre o impacto ambiental pode ler-se no estudo que "a paisagem da área está praticamente humanizada de uma
forma aparentemente desordenada e delapidadora".
Todavia não seria de esperar muito dum jornalista que aparentemente usa a despropósito a palavra "conceitos" quando na realidade se refere a algumas das afirmações / conclusões dos relatórios do EPIA.
A oportunidade da construção do novo aeroporto, bem como a sua localização são temas que merecem ser discutidos, mas com seriedade e honestidade intelectual.
Ora a leitura enviezada que o jornalista do DN faz do EPIA, torna impossível ler sem reserva mental as referências aos estudos da BAA e do Manchester Airport.
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