quarta-feira, maio 11, 2005

Mecanismos de constituição de equipas


O jornal Público de hoje destaca um estudo de investigadores das Universidades de Northwest e Stanford, relacionando os mecanismos de constituição de equipas de trabalho com o respectivo desempenho. O trabalho, "Team Assembly Mechanisms Determine Collaboration Network Structure and Team Perfomance", publicado pela revista Science, encontra-se disponível aqui ou aqui. De acordo com o resumo [tradução minha]:
«Os agentes das empresas criativas encontram-se mergulhados em redes que inspiram, suportam e avaliam o seu trabalho. Investigámos como é que os mecanismos de auto-formação das equipas criativas determinam a estrutura destas redes de colaboração. Propomos um modelo de auto-constituição com base em três parâmetros: tamanho da equipa, percentagem de novatos em novas produções e a tendência dos responsáveis para repetir colaborações anteriores. (...) Detectámos que os mecanismos de constituição das equipas determinam tanto a estrutura da rede de colaboração como o desempenho das equipas, seja no campo artístico seja no campo científico.»
O estudo parece realçar a importância da heterogeneidade das equipas, nomeadamente a mistura de elementos com grande experiência na área em causa com outros, oriundos de outras áreas e que contribuem com uma visão diferente. Uma das bases de dados com que os investigadores trabalharam e a que foram buscar dados empíricos foi a dos espectáculos musicais de sucesso da Broadway.

No conjunto dos quatro autores encontra-se o português Luis Amaral, físico estatístico que faz investigação em teoria das redes e é membro da Physyonet [ler post de cima].

Na entrevista ao Público, conduzida por Clara Barata, Luís Amaral fala sobre a possibilidade de previsão do comportamento humano:
«Há duas atitudes: uma é dizer que os seres humanos são muito complexos (e são) e não podemos fazer previsões sobre o seu comportamento. Outra é dizer que as pessoas não têm vontade própria. É verdade que somos complexos e temos muitos comportamentos diferentes. Mas, em sociedade, temos de interagir com outros humanos, pelo que, para manter a civilidade, todas as culturas evoluíram de forma a criar normas de comportamento que estabelecem limites. Portanto, há livre arbítrio, mas também há consequências. Normalmente, o que acontece é que as pessoas fazem aquilo que é necessário e só o necessário, para serem bem sucedidas. Isto acaba por originar um comportamento mais ou menos universal - as pessoas repondem a pressões para se conformarem com a norma».
E exemplifica com um caso nacional:
«Por exemplo, a investigação científica em Portugal teve uma evolução positiva nos últimos anos, em relação a um tempo em que não se fazia praticamente nada. Mas isto só aconteceu porque começou a haver pressão no país no sentido de se fazer investigação.

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