Modelos económicos

O Jumento escoceia o "maldito modelo económico" português e propõe a sua alteração. Até aqui tudo bem - também junto o meu coice. Só que a seguir propõe uma série de medidas que, sendo executadas, poderiam melhorar a nossa perfomance económica mas, nunca por nunca, alterar o tal "modelo". Não passam de medidas moralizadoras. Fazem falta mas não chegam para mudar nada de estrutural.

Das medidas propostas a mais interessante é a da "inversão nos grandes investimentos do Estado dando prioridade ao saber e à valorização dos recursos humanos em prejuízo do betão e do alcatrão". As mais anódinas são as propostas de uma "mudança cultural" e de uma "mudança de mentalidade".

A "mudança de mentalidade" é dos conceitos mais inúteis que já se inventaram: serve para tudo, o que quer dizer que não serve para nada. Ouve-se a todo o momento e a propósito de tudo mas, quando tentamos que os propositores expliquem melhor a que é que se referem, não conseguem melhor do que dar mais uns exemplos moralizantes. O da pontualidade é um dos mais recorridos. O caso dos empresários-que-em-vez-de-re-investir-compram-Ferraris é outra das banalidades.

No fundo, subjacente a este raciocínio está o pressuposto (não enunciado e provavelmente não compreendido) de que o comportamento dos portugueses é guiado (explicado) por leis económicas diferentes das que guiam o comportamento de outros povos. Se tal fosse possível, teríamos de inventar uma Economia contigencial, só para portugueses. Mas não creio. No lo credo.