domingo, janeiro 16, 2005

Negócios da China


A capa do Correio da Manhã de hoje anuncia em grandes parangonas: "Fábricas texteis vão para a China". A notícia baseia-se em declarações de duas grandes empresas portuguesas daquele sector (Maconde e Riopele), que "admitem levar a produção para o Extremo Oriente".

Em consequência, dirigentes sindicais do sector já vieram acusar Jorge Sampaio de proteger os empresários nas suas visitas (estas empresas fizeram parte da comitiva que acompanhou Sampaio à China).

Não creio que seja justo acusar Jorge Sampaio. É a dinâmica económica da globalização que faz transferir as produções com baixa incorporação de valor para países com mão-de-obra mais barata. Foi isso que trouxe os texteis de baixa gama para Portugal, e é isso que determina agora a sua deslocalização. Sampaio não tem poder para tanto. E, apesar de tudo, se não forem os empresários portugueses a aproveitarem essas oportunidades, outros o farão.

O certo é que uma das possíveis consequências da visita (também noticiada pelo mesmo jornal) é a hipótese de a China aceitar uma derrogação da entrada livre dos seus texteis em Portugal - se é que essa excepção é possível no contexto da União Europeia.

Mas até mesmo as derrogações acabam por ter um fim. É bem melhor que as empresas portuguesas aproveitem as oportunidades de negócio na China, nomeadamente neste sector que conhecemos bem, do que continuarmos a apostar em proteccionismos que só nos farão afastar cada vez mais do tal "pelotão da frente", e que nunca garantirão os postos de trabalho - apenas ospoderão manter artificialmente durante maisalgum tempo.

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