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Impressionou-me o facto de Jesus ter acreditado que a vinda do "reino de Deus" à terra estava para breve, e de os discípulos terem conversado com ele sobre pormenores práticos do tipo: como é que chego lá, em que lugar é que vou ficar sentado (relativamente a Deus, é claro). Jesus Cristo lá ia respondendo às questões com umas evasivas: "eu sou o caminho", ou "a casa de Deus tem muitos quartos", etc., que hoje são inteligentemente lidas como metáforas.
O corpus da religião católica, na realidade, não nasceu "completo" com Jesus Cristo, o qual, em termos teológicos, pouco mais representava do que uma ligeira variante do Judaismo, incorporando profecias e aspirações colectivas comuns a outras seitas da época. Ele foi sendo construído ao longo dos séculos, a partir da imagem fortemente idealizada de Cristo e da sua deriva apostólica. Isso não quer dizer que seja menos verdadeira: pelo contrário, a ideia de que existe uma "verdade histórica" sobre Jesus Cristo que, uma vez revelada (ou descoberta) permitiria reconduzir a religião Católica a uma pureza inicial, é que não passa de um mito.
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