terça-feira, outubro 19, 2004
A mão invisível de Deus... ou do Diabo?
No Simbiótica João escreve que a metáfora smithiana da "mão invisível" teria originalmente conotações teísticas, significando apenas que "é por obra e graça de Deus que o Homem pretende enriquecer. Dessa forma permite também enriquecer os seus semelhantes", e que a interpretação actual que identifica a mão invisível com o mercado selvagem e a não intervenção governamental na Economia é "perfeitamente abusiva".
Não me parece. Como muito bem explica - e fundamenta - Albert Hirshman no seu livro “As Paixões e os Interesses” [já aqui referido no post "As paixões compensadoras"] o egoísmo e a ganância do capitalista nascente eram inicialmente vistas como um “mal menor” e por isso aceitáveis, ou mesmo desejáveis, como alternativa a outros meios de obtenção de poder e riqueza como a guerra ou o assassínio, etc. Dificilmente se pode atribuir a Deus a pretensão humana de enriquecer (a não ser no sentido da omnipotência: se Deus criou tudo, então tudo lhe pode ser atribuído; mas não me parece…).
Creio que neste caso os direitos autorais não revertem para Deus mas sim para o Diabo. Salvo melhor opinião.
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