O ano de 2004 dista precisamente 60 anos da sua publicação original. Pergunto-me porque terá levado tanto tempo a ser traduzido em Portugal ? Aparentemente, devido à sua componente anti-soviética, poderia agradar ao poder anterior à Revolução. Mas não: o nosso Estado Novo desconfiava das forças de mercado e, ao fim e ao cabo, era um defensor e praticante do planeamento central, ainda que num pólo oposto ao das "democracias populares"; toda a estrutura corporativa foi montada para conter as forças de mercado: uma das funções das corporações era a de evitar coisas perigosas tais como a concorrência. Idealmente, o Estado Novo pretendia também que a produção fosse regulada de acordo com as necessidades e isso justificava igualmente o poder arbitrário para licenciar novas indústrias (condicionamento industrial).
O que é curioso é que esta simpatia pelo planeamento acabava por determinar algumas companhias improváveis, já que os teóricos marxistas também o veneravam. Térá talvez sido por isso que um economista próximo do marxismo, como Francisco Pereira de Moura, tenha sido procurador à Câmara Corporativa (entre 1957 e 1965) para os Planos de Fomento, aplicando nesse âmbito a teoria keynesiana, pelo menos na sua versão a la Harrod-Domar. E não havia panfleto mais perigoso para o planeamento e para o keynesianismo do que o livro de Hayek.
Através do blog Hayek Links (via O Intermitente) descobri este texto de André Azevedo Alves com o título "O Caminho para a Servidão, 60 anos depois" - vale a pena ler.
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