«Em Portugal, as aventuras do défice pertencem à literatura de ficção. E os mais célebres heróis romanescos sempre manifestaram uma singela predilecção pelo Ministério das Finanças. A linguagem, no mais depurado estilo poético, resvala para o pequeno acidente, e a espaços, revela uma estranha e tranquila certeza. Sem particular variação, o enredo recorre quase sempre ao elogio da “competitividade”, ao estímulo da “inovação”, à virtude da “especialização”. E resta ainda a apologia da “qualificação”, factor determinante para a “potenciação” das “vantagens competitivas”. Se a linguagem toca a perfeição, os resultados insistem em revelar a perfeição de um desastre.»
Carlos Marques de Almeida - Diário Económico
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