segunda-feira, março 14, 2005

Loja do Velho


A.H., no Público, relata a insólita aventura de uma pequena loja da Rua Augusta que se tornou local de culto "das adolescentes e pré-adolescentes da Grande Lisboa e de vários outros pontos do país", que chegam a formar bichas à porta.

A pequena loja limitava-se a vender as tradicionais calças de ganga até que há 4 anos o alfaiate e proprietário, Manuel Tenreiro, "começou a encomendar modelos imaginados por si e por colaboradores seus a pequenas fábricas do Norte (...) hoje vende calças de ganga que dão pelos bizarros nomes de pata de elefante, samurai, as velhas boca-de-sino e tudo o mais que as raparigas lhe pedirem, porque, afinal, são elas as rainhas e senhoras da loja. Satisfaz-lhes os caprichos inspirando-se nos desejos delas e em revistas antigas. Chega a refazer umas calças por inteiro para as adaptar a umas ancas mais estreitas ou a um corpo mais pernilongo."

O preço é fixo: sempre 30 euros. Quanto à designação - "Loja do Velho" - também foi criada pela clientela, inspirada nas barbas brancas de Manuel Tenreiro, actualmente com 65 anos.

Eis um exemplo, algo involuntário, de marketing relacional (one-to-one), produção personalizada, e ainda de externalização do marketing: a clientela criando a marca e encarregando-se da divulgação através do "passa-palavra nos recreios das escolas". Fica em Lisboa, na Rua Augusta, 173. Fica assim provado que não há limite de idade para o empreendedorismo ou, como na canção do Jorge Palma, que "nunca é tarde para se ter uma infância feliz".

Embora não seja bem a mesma coisa, não posso deixar de encontrar algumas afinidades com um outro estabelecimento lisboeta que também se desenvolveu a partir de uma tradicional loja de roupa: os Porfírios e que, nos idos de 60, se tornou na loja de referência para a juventude portuguesa.

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